
O crescimento de 71% nas taxas de conversão do território original do Cerrado para terras agrícolas entre 2019 e 2023 acende um alerta para a necessidade da prática de agricultura regenerativa no bioma. A prática representaria uma oportunidade de até US$ 100 bilhões em valor econômico e pode impulsionar o PIB brasileiro em US$ 20 bilhões anualmente até 2050.
É o que aponta o estudo “Cultivando a resiliência: um caminho viável para regenerar paisagens no Cerrado brasileiro”. O relatório foi produzido pelo Boston Consulting Group (BCG), em colaboração com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) e o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).
A pesquisa, repercutida por O Globo, Exame, Capital Reset, Globo Rural e Gigante 163, destaca que a conversão do Cerrado em terras agrícolas já consumiu quase metade da área original do bioma. E identificou 32,3 milhões de hectares [área equivalente ao estado do Maranhão] com potencial para práticas regenerativas, sendo 23,7 milhões de ha de recuperação de pastagens degradadas e 8,6 milhões de ha para intensificação da agricultura sustentável. Os investimentos necessários somariam US$ 55 bilhões.
Os principais ganhos viriam do aumento de produtividade e da redução de custos. Um possível prêmio na venda de produtos sustentáveis não foi estimado no estudo por ser ainda uma prática muito incipiente no mercado.
Além dos ganhos econômicos, a adoção de práticas de agricultura regenerativa no Cerrado pode gerar benefícios ambientais e sociais significativos. Isso inclui “a redução de gases do efeito estufa, a melhoria da saúde do solo, o aumento da biodiversidade, a maior eficiência hídrica e o aumento da renda para até 400 mil agricultores”, destaca o levantamento.
“Sugerimos a rotação de culturas na agricultura e o uso de bioinsumos, além de uma gestão mais integrada do pasto na pecuária. O Cerrado tem uma vocação riquíssima para o agro pela riqueza da biodiversidade. Incorporar o bioma em uma estratégia de produção regenerativa libera pressão sobre a Amazônia”, explicou o gerente de projetos do BCG, Matheus Munhoz.