
O Brasil chegou a 31 de dezembro de 2024 com reservas provadas de petróleo de 16,8 bilhões de barris. O volume contabilizado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) no final do ano passado é 6% maior que o número registrado no último dia de 2023, com a adição de mais de 2 bilhões de barris em 2024, ante uma produção total no ano de 1,22 bilhão de barris.
Diante do petróleo produzido em todo o ano passado, a relação entre as reservas provadas e a produção registrada em 2024 é de 13,7 anos, destaca a ANP. Isso significa que, mantendo o atual ritmo de produção, o Brasil tem petróleo para extrair até 2038.
O governo pressiona o IBAMA pela licença para a Petrobras perfurar um poço na foz do Amazonas dizendo que o Brasil voltará a importar petróleo se não buscar novas reservas na região. Só que, em 2024, mais da metade da produção foi exportada. Mesmo tendo de importar derivados de petróleo por falta de refino, o país é exportador líquido. Logo, com os volumes já provados, basta exportar menos para garantir o abastecimento interno para além de 2038. E sem uma gota de óleo da Amazônia – se de fato existir petróleo na região, o que é uma incógnita.
Não para aí. Recentemente a Petrobras anunciou novas descobertas no pré-sal, a grande província petrolífera brasileira, que continua sendo explorada. A diretora de Exploração e Produção da petroleira, Sylvia dos Anjos, disse que são “significativos” os volumes nos blocos Aram, na bacia de Santos; o do Norte de Brava, em Campos; bem como em um poço no oeste do campo de Búzios, também em Santo, relata o InfoMoney. Descobertas que poderiam antecipar em um ano o pico de produção planejado pela Petrobras, disse Sylvia. E sem uma gota de óleo da foz do Amazonas.
Há outro fator a ser considerado nessas contas. As reservas provadas são aquelas com 90% ou mais de probabilidade de serem produzidas. Se forem consideradas as reservas prováveis [com 50% de chance de sucesso comercial], havia 24 bilhões de barris de petróleo no fim do ano passado, mostra a ANP. Quando se soma as reservas possíveis [10% de chance comercial], o número chega a 29 bilhões de barris, também 6% maior que o registrado em dezembro de 2023.
E sem uma gota de óleo da foz do Amazonas nem do resto da Margem Equatorial. Porque o Brasil não precisa. E o clima não suporta mais.
Valor, UOL, CNN noticiaram as reservas provadas brasileiras em 2024.
Em tempo: A diretora de E&P da Petrobras, Sylvia dos Anjos, disse na 4ª feira (2/4) que a indústria de petróleo não pode ter vergonha do que faz e que é parte da solução para a transição energética, relata o Valor. Segundo a executiva, a indústria de petróleo está patrocinando a COP30 – se isso procede é preocupante, já que as últimas edições das conferências do clima foram inundadas por lobistas de petróleo e gás fóssil e teme-se que algo similar ocorra em Belém. Sylvia ainda disse que a indústria petrolífera tem um “papel fundamental” de incentivar as energias renováveis, mas tanto as atitudes da Petrobras como os planos das petroleiras mundo afora provam justamente o contrário: um abandono dos investimentos em renováveis e uma aposta crescente nos combustíveis fósseis.