
Um relatório do observatório Copernicus e da Organização Meteorológica Mundial (OMM) revelou que a Europa continua sendo o continente que mais aquece no planeta, com temperaturas médias já 2,4°C acima dos níveis pré-industriais – quase o dobro do aumento global (1,3°C). Aproximadamente metade do Velho Continente registrou recordes de calor em 2024. Enquanto geleiras escandinavas e do Ártico tiveram a maior perda de massa da história, os dias de estresse térmico extremo afetaram 60% do território.
O estudo apontou ainda contrastes climáticos brutais: enquanto o leste europeu quebrou recordes com 13 dias consecutivos de onda de calor, o oeste teve um dos anos mais chuvosos desde 1950. Tempestades como a Boris causaram inundações que afetaram 30% dos rios europeus, deixando 335 mortos e mais de 400 mil afetados. Na Espanha, chuvas extremas em outubro devastaram Valencia, com cenas de carros empilhados e bairros submersos.
As águas europeias seguiram a onda dos recordes. Os mares ficaram 0,7°C acima da média, com o Mediterrâneo chegando a 1,2°C mais quente e lagos continentais atingindo temperaturas jamais vistas. Cientistas alertam que a atmosfera mais quente retém mais umidade, tornando tempestades mais intensas – um padrão que deve se agravar, já que a Europa está entre as regiões com maior risco projetado de inundações.
“Cada fração adicional de grau no aumento da temperatura é crucial, pois intensifica os riscos para nossas vidas, economias e para o planeta. A adaptação é imperativa”, declarou Celeste Saulo, secretária-geral da OMM. “Estamos progredindo, mas precisamos ir mais longe, mais rápido – e precisamos fazer isso juntos”, completou.
Ao The Guardian, o ativista climático Thomas Gelin, do Greenpeace europeu, criticou a falta de ação dos políticos. “As únicas partes da Europa que não estão sendo cozidas pelo calor estão sendo arrastadas por enchentes. A União Europeia precisa atualizar suas metas climáticas para refletir a realidade científica e proibir novos projetos fósseis como primeiro passo para uma eliminação total”, deliberou.
O número de países europeus onde as renováveis superam os combustíveis fósseis na geração de eletricidade quase dobrou desde 2019, passando de 12 para 20. No entanto, como apontou o relatório, tanto a produção de energia renovável quanto a demanda elétrica são altamente sensíveis às condições climáticas – o que exige sistemas ainda mais resilientes.
Folha, g1, Euronews , Reuters, Bloomberg, dentre outros, repercutiram o relatório sobre os impactos das mudanças climáticas no continente europeu.