Não é novidade que a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, é da linha de frente da ala do governo que defende a exploração de petróleo no Brasil “até a última gota”, inclusive na foz do Amazonas – afinal, foi em sua gestão como diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) que o bloco FZA-M-59, no litoral do Amapá, onde a petroleira estatal quer perfurar um poço, foi vendido.
Apesar disso, é surpreendente que a executiva se inspire no lema pró-petróleo que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, usou em sua campanha à Casa Branca – Drill, baby, drill. – para insistir na exploração de combustíveis fósseis numa região da Amazônia, e a seis meses da COP30. Mas foi o que ela fez nesta semana na Offshore Technology Conference (OTC), em Houston, um dos maiores eventos da indústria petrolífera global.
O Valor teve acesso ao vídeo com as declarações feitas pela presidente da Petrobras em um painel do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) no evento. A petroleira confirmou a veracidade do material.
Ao lado do governador do Amapá, Clécio Luís (Solidariedade) – que foi à OTC com a executiva, segundo a VEJA –, Magda defendeu a exploração na foz e disse que a possibilidade de extrair petróleo na região é “uma grande oportunidade” para o estado e para o país. A velha e falaciosa narrativa de associar petróleo a riqueza e desenvolvimento, quando a história mostra o papel destruidor do clima e do meio ambiente e concentrador de renda dessa indústria.
Em seguida, Magda, falando em Inglês, emendou: “Let’s drill, baby!”. O mote, que continua sendo proferido com frequência por Trump, não é só um incentivo do “senhor laranja” ao aumento da exploração de petróleo, mas também sintetiza sua visão sobre a política energética e ambiental.
Essa visão negacionista de Trump parece inspirar a presidente da Petrobras. Afinal, ela já pediu ao presidente Lula que interferisse no licenciamento para o poço do bloco 59, fazendo o IBAMA liberar a autorização, mesmo que tecnicamente não seja viável, como o órgão ambiental já mostrou em duas ocasiões, quando negou a licença.
De resto, a presidente da Petrobras repetiu a mesma “lenga-lenga” [ops!] da turma que defende explorar petróleo no Brasil até mesmo na Amazônia. O que incluiu defender a segurança da operação na costa do Amapá, informou a Folha. Isso apesar do recorde de acidentes em instalações marítimas de exploração de petróleo em 2024 e do próprio histórico de multas ambientais da Petrobras mostrarem o contrário.
Poder 360 também repercutiu a fala trumpista de Magda Chambriard.
