
Os movimentos sociais do Nordeste conquistaram uma cadeira no Fórum Nacional de Transição Energética (FONTE), órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia, por meio do coletivo Nordeste Potência. A representação será exercida por Maria Rosa Almeida Ramos, do Movimento Salve as Serras da Bahia, como titular, e pelo engenheiro eletricista Joilson José Costa, da Frente por uma Nova Política Energética, como suplente.
O coletivo pretende levar ao fórum discussões sobre uma transição energética justa, que evite impactos negativos em territórios tradicionais e na agricultura familiar, propondo medidas como zonas de exclusão para proteção dessas áreas.
O FONTE, criado em 2024, tem caráter consultivo e atua como instância de apoio ao Conselho Nacional de Transição Energética, responsável pela formulação da política setorial. Embora não tenha poder deliberativo, o fórum consolidará suas discussões em uma Carta de Recomendações anual.
Cecília Oliveira, vice-coordenadora do Nordeste Potência, destacou a importância da participação para ampliar o debate sobre democratização energética e implementar salvaguardas socioambientais. “Nós temos um documento coletivo com mais de cem medidas, lançado em janeiro de 2024. Agora temos a oportunidade de colaborar efetivamente para a implementação”, comemora Oliveira, como destacou o site Lícia Fábio.
A composição do FONTE inclui 29 representantes governamentais, 29 da sociedade civil e 29 do setor produtivo, com reuniões ordinárias a cada quatro meses. A indicação do Nordeste Potência contou com o apoio de mais de 20 instituições, como o IDEC e o Instituto Pólis, e o mandato tem duração de dois anos, não remunerado. A participação é vista como uma oportunidade para influenciar políticas públicas e evitar que a transição energética repita conflitos já vivenciados com grandes projetos no passado.
A expectativa é que a presença no FONTE permita maior articulação entre as demandas locais e as políticas nacionais em discussão. A iniciativa marca um avanço na representação dos movimentos sociais em espaços de decisão sobre energia, ainda que o FONTE tenha papel consultivo. Para o Nordeste Potência, a participação é estratégica para ampliar a visibilidade das questões regionais e garantir que a transição para fontes renováveis ocorra de forma inclusiva, evitando a concentração de benefícios e a reprodução de desigualdades históricas.
O avanço da participação social no FONTE foi noticiado por Jornal O Candeeiro, News Piaui, Revista Sacada, AL1, Correio dos Municípios, JB Notícias.