“Negação econômica” é obstáculo para ação climática, alerta presidente da COP30

Corrêa do Lago diz que “as respostas têm que vir da economia”, enquanto as políticas climáticas desencadeiam reações populistas.
28 de maio de 2025
negação econômica é obstáculo para ação climática alerta presidente da cop30
Marcelo Pereira/ Agência Brasil

O mundo está enfrentando uma nova forma de negação climática, segundo o presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago. Não se trata de uma rejeição da ciência climática, mas um ataque coordenado à ideia de que a economia pode ser reorganizada para combater a crise, alertou.

Em entrevista ao Guardian, repercutida pelo InfoMoney, Corrêa do Lago disse acreditar que sua maior tarefa será combater a tentativa de alguns interesses instalados de impedir políticas climáticas que visem mudar a economia global para uma base de baixo carbono. “Há um novo tipo de oposição à ação climática. Não é uma negação científica, é uma negação econômica.”

A negação econômica pode ser tão perigosa quanto a negação científica da crise climática. Para Corrêa do Lago, não é mais possível haver negacionismo [científico] depois de tudo o que aconteceu nos últimos anos. “Portanto, há uma migração da negação científica para a negação de que medidas econômicas contra as mudanças climáticas possam ser benéficas para a economia e para as pessoas”, explicou.

Um dos grandes desafios da COP30 é avançar no financiamento climático, que tem relação com o negacionismo econômico apontado por Corrêa do Lago. E no II Fórum de Finanças Climáticas e de Natureza (FFCN), promovido pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS) e outras seis organizações no Rio de Janeiro, a CEO da conferência, Ana Toni, lembrou que o financiamento não é caridade, destacou a Agência Brasil.

“Conseguir um maior fluxo de financiamento dos países desenvolvidos para os países em desenvolvimento não é boa ação, bondade, caridade. O interesse em mobilizar até US$ 1,3 trilhão para os países em desenvolvimento deveria ser dos desenvolvidos, que não estão liberando esse recurso”, disse.

Quanto à outra dor de cabeça da conferência do clima, a infraestrutura, Corrêa do Lago explicou que a questão logística de Belém, que sediará o evento, não está sob sua responsabilidade, informou a TV Cultura. O presidente da COP30 apontou que o principal problema é o custo elevado das hospedagens, que não acompanha a demanda crescente. E também mencionou que o aeroporto da cidade ainda não está pronto. Mas, ainda assim, ele acredita que os governos federal e do Pará irão equacionar essas pendências até a conferência do clima.

  • Em tempo 1: Lideranças negras apresentam ao Itamaraty nesta 5ª feira (29/5) propostas para a COP30. O documento faz parte das ações desenvolvidas durante o II Encontro Vozes Afrodescendentes, que termina amanhã em Brasília, de acordo com o g1. O encontro reúne organizações afrodescendentes da América Latina e do Caribe. A iniciativa é organizada pela Coalizão Internacional para a Defesa dos Territórios, Meio Ambiente, Uso da Terra e Mudanças Climáticas dos Povos Afrodescendentes (CITAFRO).

  • Em tempo 2: As inscrições para o curso de formação de voluntários para atuar durante a COP30 foram abertas hoje (29/5), informa o Pará Terra Boa. Poderão participar moradores de Belém com mais de 18 anos de idade, conforme prevê o Edital de Voluntariado para a conferência. As inscrições, que vão até a próxima 5ª feira (5/6), serão feitas exclusivamente pelo site voluntarioscop30.pa.gov.br.

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