Petroleiros entram na Justiça contra venda de blocos na foz do Amazonas

FUP e sindicatos filiados entram com ação pedindo a suspensão do leilão da ANP, marcado para 17 de junho, que ofertará 47 áreas na região.
4 de junho de 2025
petroleiros justiça venda de blocos foz do amazonas
Divulgação

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e os Sindicatos dos Petroleiros (Sindipetros) filiados à entidade entraram na Justiça contra a Agência Nacional do Petróleo (ANP). A ação é motivada pelos 47 blocos de exploração de combustíveis fósseis na foz do Amazonas que serão ofertados no próximo leilão do órgão regulador, marcado para 17 de junho.

Na ação contra a ANP, a FUP e os Sindipetros pedem que o certame não seja realizado. O pedido aponta uma contradição institucional: enquanto a Petrobras ainda não obteve licença do IBAMA para perfurar um poço na foz do Amazonas, no bloco FZA-M-59, a agência autoriza a oferta de áreas na região a empresas privadas e estrangeiras – muitas delas sem vínculo com o interesse nacional e a soberania energética, explicaram O Cafezinho e BNC Amazonas.

Além disso, a ação destaca que o leilão da ANP será realizado sem garantias ambientais mínimas, sem consulta às comunidades tradicionais, em violação à Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) – da qual o Brasil é signatário –  e em desrespeito a recomendações do Ministério Público Federal (MPF). Na semana passada, o MPF recomendou à agência a suspensão do certame ou pelo menos a retirada dos 47 blocos da foz.

A ação da FUP ainda destaca que não houve consulta prévia, livre e informada às comunidades indígenas, ribeirinhas e tradicionais localizadas na foz. E que não foram realizados estudos de impacto ambiental e social abrangentes, uma exigência da legislação ambiental, baseado no princípio da precaução.

“O leilão está sendo conduzido de forma apressada e opaca, sem o debate democrático e amplo, violando princípios da administração pública, da soberania energética e do interesse nacional”, explicou Ângelo Remédio, da Advocacia Garcez, que representa as entidades dos petroleiros.

  • Em tempo: O presidente Lula defende a exploração de petróleo na foz do Amazonas, não reagiu contundentemente em defesa de Marina Silva e fez uma oposição tímida ao PL da Devastação, que praticamente extingue o licenciamento ambiental no Brasil e ameaça os biomas e os Povos Tradicionais no Brasil. Por isso, o editor de meio ambiente do Guardian, Jonathan Watts, questionou no Sumaúma: de que lado, afinal, ele está?

    “Lula ainda se mostra mais à vontade ao falar sobre emprego e renda do que ao abordar emissões e ecossistemas. Se acha que pode voltar à antiga cartilha, ignora os impactos da crise climática em sua base. A classe trabalhadora, as comunidades periféricas e as organizações sociais serão as primeiras a sofrer com as inundações e secas, o abastecimento de água interrompido, o desaparecimento de polinizadores e a contaminação de peixes por mercúrio ou petróleo. Não se trata de uma ameaça futura. Ela já está acontecendo. (...) Mais petróleo só vai piorar o problema”, lembrou Watts.

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Justiça climática

Nesta sessão, você saberá mais sobre racismo ambiental, justiça climática e as correlações entre gênero e clima. Compreenderá também como esses temas são transversais a tudo o que é relacionado às mudanças climáticas.
2 Aulas — 1h Total
Iniciar