Valor investido em adaptação pode render 10 vezes em dez anos, mostra WRI

Atuar na resiliência aos eventos climáticos extremos pode ser vetor para o desenvolvimento local de territórios vulnerabilizados.
4 de junho de 2025
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Investir em adaptação climática pode gerar retornos econômicos expressivos. É o que indica um estudo recente do World Resources Institute (WRI), que analisou 320 projetos em 12 países – incluindo o Brasil -, e mostrou que cada dólar aplicado em resiliência climática pode render mais de US$ 10,50 em benefícios ao longo de uma década, um retorno mais de dez vezes maior que o investimento inicial. Os aportes avaliados, que totalizaram US$ 133 bilhões (cerca de R$ 757 bilhões), têm potencial para gerar ganhos de até US$ 1,4 trilhão (quase R$ 8 trilhões) em dez anos, com um retorno médio de 27%, noticiou a Folha.

Os benefícios vão além da prevenção de perdas causadas por eventos extremos. O estudo identificou o que chamou de “triplo dividendo da resiliência”: além de evitar danos econômicos e humanos, os investimentos em adaptação impulsionam o desenvolvimento local, aumentando produtividade e gerando empregos, além de potencialmente promoverem melhorias sociais e ambientais, como a preservação da biodiversidade.

Alguns setores se destacam pelo retorno excepcional. Na saúde, por exemplo, os benefícios ultrapassam 78%, já que medidas como preparação para ondas de calor e surtos de doenças evitam mortes e reduzem custos médicos. Sistemas de alerta precoce também se mostraram fundamentais, protegendo vidas e infraestruturas.

Quase metade dos projetos analisados contribuíram simultaneamente para a redução de emissões de gases de efeito estufa, demonstrando que adaptação e mitigação climática podem se articular.

Segundo Luana Betti, do WRI Brasil, a ideia do estudo é trazer uma nova abordagem com argumentos sobre como avaliar investimentos em adaptação, que normalmente não atraem o setor privado. “Sabe-se quanto custa um painel solar, por exemplo, quem será o beneficiário, quem será o comprador. Em adaptação os benefícios são mais difusos, os custos, compartilhados. Há dificuldade em se avaliar, não existem dados padronizados para este tipo de investimento”, disse ao Valor.

No Brasil, os resultados foram igualmente promissores. Os 26 projetos nacionais incluídos no estudo apresentaram um retorno médio de 27%, em linha com a média global. Iniciativas como agricultura sustentável e restauração florestal se destacaram não apenas por sua relevância em um país de extensas áreas verdes e forte base agrícola, mas também por gerarem benefícios mesmo na ausência de catástrofes climáticas.

Os pesquisadores ressaltam que, embora a adaptação climática seja frequentemente vista como um custo necessário para evitar perdas, ela também pode ser um motor de desenvolvimento econômico e social. Com a demanda por financiamento climático superando em muito a oferta de recursos, entender esses retornos é crucial para direcionar investimentos de forma mais estratégica.

Business Green, Edie.Net, Sustainability Online, CSO Futures, Top Africa News, entre outros, divulgaram os dados sobre o estudo do WRI.

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