Amazônia teve aumento de 9% no desmatamento entre agosto de 2024 e maio de 2025

Durante a apresentação dos dados, autoridades expressaram preocupação com o avanço no Congresso do PL 2159/2021, o "PL da Devastação".
9 de junho de 2025
amazônia teve aumento de 9% no desmatamento entre agosto de 2024 e maio de 2025
Marcelo Camargo/Agência Brasil

A nota preocupante vem da comparação entre maio deste ano com o mesmo mês do ano passado: os alertas de desmatamento do sistema DETER-INPE aumentaram 92% em maio de 2025 em relação a maio de 2024. Este aumento foi fortemente influenciado pelos incêndios florestais ocorridos no ano passado – muitos deles criminosos – e que foram agravados pela seca histórica de 2023 e 2024.

A influência do fogo no desmatamento da Amazônia fica clara se observarmos que área da Amazônia afetada por incêndios florestais saltou de 500 km² em maio de 2024 para 960 km² em maio de 2025, e que, durante todo o ano de 2024, os incêndios florestais responderam por 51% da destruição – um aumento significativo em relação aos 1% registrados em 2022.

As autoridades atribuem esse cenário à combinação de fatores climáticos, como as severas secas que atingiram a região nos últimos anos, e à ação humana, com queimadas associadas tanto a atividades agropecuárias (38,4%) quanto à consolidação de áreas já desmatadas (37,9%).

Mas enquanto a Amazônia enfrenta aceleração na perda de vegetação, outros biomas brasileiros apresentaram cenários mais positivos. O Cerrado e o Pantanal apresentaram diminuição da destruição, sendo a mais expressiva no Pantanal, com queda de 74% no período entre agosto de 2024 e maio de 2025, passando de 1.035 km² para 267 km² de área desmatada. Nos últimos três meses desse período, a redução chegou a impressionantes 99% em comparação com o mesmo intervalo do ano anterior.

As operações de fiscalização ambiental mostraram esforços significativos para conter a devastação. Na Amazônia, o IBAMA e o ICMBio realizaram 18.964 ações fiscalizatórias, aplicaram R$ 3,1 bilhões em multas e embargaram 561 mil hectares. No Cerrado, foram R$ 578 milhões em multas e 455 áreas embargadas, enquanto no Pantanal as autuações somaram R$ 430 milhões. Essas ações incluíram desde a apreensão de equipamentos até notificações para prevenção de incêndios e abertura de ações civis públicas contra infratores.

Durante a apresentação dos dados, autoridades expressaram preocupação com o avanço no Congresso do PL 2159/2021, conhecido como “PL da Devastação”, que propõe flexibilizar as regras de licenciamento ambiental. O ministro interino João Paulo Capobianco criticou especialmente a proposta de eliminação da análise de impactos indiretos dos empreendimentos, argumentando que o licenciamento existe justamente para antecipar e mitigar esses efeitos em cadeia. Ele destacou que a atual legislação exige a avaliação não apenas dos impactos diretos, mas também de consequências como o aumento de ocupações irregulares e queimadas em áreas acessadas por novas estradas.

O diretor do MCTI, Oswaldo Leal, enfatizou o papel crucial da Amazônia nos ciclos globais de água e carbono, alertando que a perda acelerada de vegetação nativa tem implicações que vão muito além das fronteiras brasileiras. Ele relacionou as seis grandes secas registradas na região desde 2005 (2005, 2010, 2015, 2016, 2023 e 2024) às mudanças climáticas globais e à redução da resiliência da floresta devido à ação humana. “Quando olhamos os dados de impacto dessas secas, particularmente o número de pessoas afetadas e o impacto econômico, nós nos assustamos”, afirmou Leal, questionando até que ponto a floresta ainda consegue resistir às agressões repetidas que vem sofrendo. A VEJA lembra, porém, que considerando apenas o acumulado do ano de 2024, a Amazônia apresentou uma queda expressiva de 30,6%, atingindo o menor índice desde 2015.

Os dados foram divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação na última 6a feira (6/6). No mesmo link é possível acessar a apresentação completa dos dados. 

Folha, g1, Agência Brasil, entre outros, repercutiram o aumento do desmatamento na Amazônia. 

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Justiça climática

Nesta sessão, você saberá mais sobre racismo ambiental, justiça climática e as correlações entre gênero e clima. Compreenderá também como esses temas são transversais a tudo o que é relacionado às mudanças climáticas.
2 Aulas — 1h Total
Iniciar