Cientistas pedem ações urgentes para salvar os oceanos

No Brasil a situação é degradante, afirma cientista que acompanha Lula na  Conferência da ONU sobre os Oceanos na França.
10 de junho de 2025
cientistas pedem ações urgentes para salvar os oceanos
One Ocean Science

Durante o primeiro congresso One Ocean Science (OOS), em Nice (França),  nesta 2a feira (09/6), cientistas lançaram um manifesto pedindo ações imediatas para proteger os oceanos, baseadas em evidências e equidade. O documento informará a Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos (UNOC3), que está sendo realizada na mesma cidade até 6a feira (13/6). O evento é a maior reunião do tipo na França desde a Conferência do Clima de Paris (COP21), em 2015, lembra o Le Monde.

O texto do manifesto inclui 10 recomendações urgentes para líderes globais, como proteger 30% dos oceanos até 2030, combater a pesca ilegal, reduzir poluição por plásticos e frear a mineração em águas profundas. Alejandra Villasboas, embaixadora do OOS, destacou a importância de unir ciência e política, enquanto Jean Pierre Gattuso (CNRS) alertou para a pouca verba destinada às pesquisas oceânicas. François Houiller, co-organizador do OOS, afirmou que o manifesto é um “chamado para ação”, mas reconheceu que sua transformação em políticas depende dos líderes presentes na UNOC3. O documento reforça: “O tempo de indecisão acabou”, exigindo medidas concretas para as futuras gerações.

Alexander Turra, professor do Instituto Oceanográfico da USP e coordenador da Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano – e que acompanha o presidente Lula em sua viagem à França para a Conferência dos Oceanos, denunciou o “grande e crescente estado de degradação” dos mares do Brasil. Em entrevista à BBC, ele destacou fenômenos sem precedentes, como o branqueamento massivo de corais devido ao aquecimento das águas e a erosão avançada em 40% das praias brasileiras, segundo dados de 2018. “Estamos falando de uma situação realmente degradante”, afirmou.  

Turra também criticou o projeto de lei do licenciamento ambiental, aprovado no Senado em maio, que pode facilitar atividades danosas, como a exploração de petróleo na sensível bacia da foz do Amazonas. Para ele, a medida agravará ainda mais a crise oceânica, já marcada por falhas de planejamento e fiscalização.

  • Em tempo: Em discurso na Conferência da ONU sobre os Oceanos em Nice, o presidente francês Emmanuel Macron anunciou a iminente entrada em vigor do Tratado Internacional sobre o Alto Mar em 2026, classificando-o como "um marco histórico para regular nosso bem comum mais vital". Com 55 países já tendo ratificado o acordo e outros 30 em processo, o tratado, que necessita de 60 adesões para vigorar, estabelecerá pela primeira vez um regime jurídico global para proteger 65% dos oceanos atualmente sem governança, permitindo a criação de áreas marinhas protegidas. Macron destacou a urgência desta ação, lembrando que os oceanos, que absorvem 30% das emissões globais de CO₂ e regulam o clima, enfrentam ameaças sem precedentes como acidificação, sobrepesca e poluição plástica. Apesar do avanço, a ausência dos EUA no processo preocupa especialistas. Quem informa é a Reuters.

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