Expansão dos combustíveis fósseis ameaça ecossistemas marinhos, mostra estudo

Ativistas reclamam de ausência de responsabilização dos combustíveis fósseis no discurso do presidente Emmanuel Macron na abertura da UNOC3.
10 de junho de 2025
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Composição Climainfo / Foto: Francesco Ungaro

O presidente da França, Emmanuel Macron, deu início à 3ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Oceanos (UNOC3), na 2ª feira (9/6) em Nice, com um discurso conclamando os líderes mundiais a se unirem para proteger os oceanos. Mas houve uma ausência notável na fala de Macron: os combustíveis fósseis.

“A omissão flagrante demonstra que os impactos da extração de combustíveis fósseis na biodiversidade marinha e nas comunidades costeiras continuam a ser negligenciados”, disse Tyson Miller, diretor executivo da Earth Insight. Em um novo relatório, a Earth Insight destaca que a expansão global da exploração de petróleo e gás fóssil offshore e costeiro gera ameaças profundas aos ecossistemas marinhos.

O estudo mostra a vasta presença física da infraestrutura de combustíveis fósseis nos oceanos que provoca destruição e poluição. Grande parte da expansão dessa indústria está ocorrendo nas chamadas “regiões de fronteira”, áreas pouco exploradas com potencial significativo para produzir petróleo, gás e gás liquefeito (GNL), explica a Euronews. É o caso da foz do Amazonas, onde a Petrobras quer perfurar um poço e a Agência Nacional do Petróleo (ANP) irá ofertar blocos para exploração em um leilão marcado para 17 de junho.

Analisando 11 estudos de caso, a Earth Insight mapeou que os blocos de petróleo e gás cobrem mais de 2,7 milhões de km2 nas regiões de fronteira – uma área do tamanho da Argentina. E 100.000 km2 desses blocos se sobrepõem a Áreas Protegidas, marinhas e costeiras, colocando 19% delas em risco.

Cerca de 22.800 km² dos recifes de corais [15% do total estudado], 7.900 km² dos prados de ervas marinhas [63%] e 70.000 km² dos manguezais [15%] são sobrepostos por blocos de petróleo e gás, colocando habitats marinhos críticos em risco significativo. São regiões vitais para a conservação de mamíferos marinhos e de ecossistemas que fornecem habitat para alimentação, reprodução e migração.

Entre as soluções propostas pelo estudo está a interrupção da expansão em regiões ambientalmente sensíveis, como a Amazônia, e a remoção de blocos de petróleo e gás não atribuídos. Além disso, tratados internacionais – como o Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis – devem ser fortalecidos para proibir novas expansões da indústria de combustíveis fósseis em áreas costeiras e offshore.

  • Em tempo: Um novo relatório lançado pelo InfluenceMap na 3ª feira (10/6) destaca como empresas de petróleo e gás e grupos de lobby na União Europeia e nos Estados Unidos estão usando uma série de táticas para desestabilizar a regulamentação do metano, gás de efeito estufa 80 vezes mais potente que o CO2, no bloco europeu, destaca o DeSmog. O aumento do lobby da indústria coincide com a estratégia da UE de regular o mercado de energia, à medida que abandona o gás russo até 2027 e assina acordos para importar o combustível fóssil dos EUA e de outros países.

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