Governo da Nova Zelândia é processado por metas climáticas “perigosamente inadequadas”

"O plano não é crível e falha em seu objetivo central: reduzir emissões efetivamente", afirmam organizações.
10 de junho de 2025
governo nova zelândia processado metas climáticas
Krzysztof Golik

Um grupo de juristas da Nova Zelândia entrou com ação judicial contra o governo, acusando o plano nacional de redução de emissões de violar a legislação climática do país. As organizações Environmental Law Initiative e Lawyers for Climate Action NZ Inc alegam que a estratégia, apresentada em dezembro, não atende aos requisitos mínimos da Lei de Resposta às Mudanças Climáticas. O alvo do processo é o Ministro do Clima, Simon Watts.

O plano em questão prevê oito medidas para cortar emissões até 2030, como expansão de florestas, captura de carbono e incentivos a energias renováveis. O governo defende que a proposta prepara o caminho para a neutralidade de carbono até 2050. No entanto, críticos apontam que as metas revisadas enviadas à ONU em janeiro – redução de 51% a 55% até 2035 (ante 2005) – são menos ambiciosas que o compromisso anterior de 50% até 2030.

Os autores da ação destacam falhas graves no projeto. “O plano não é crível e falha em seu objetivo central: reduzir emissões efetivamente”, afirmou Matt Hall, diretor da Environmental Law Initiative. Ele criticou o cancelamento de medidas do plano anterior sem consulta pública e a excessiva dependência da restauração florestal para compensar a poluição. “Plantar árvores não resolve o problema na fonte e cria passivos ambientais futuros”, ressaltou.

Em 2019, a Nova Zelândia adotou uma lei pioneira sobre mudanças climáticas, estabelecendo a meta de neutralizar suas emissões de carbono até 2050, em linha com o Acordo de Paris. A legislação exige que o governo apresente, a cada cinco anos, um plano detalhado com as estratégias para alcançar essa redução de emissões de gases de efeito estufa, lembra o Guardian.

O caso se soma a mais de 230 ações judiciais similares contra governos em todo o mundo, segundo dados da Universidade Columbia. Em 2023, ativistas sul-coreanos obtiveram vitória em processo que questionava as metas climáticas do país. A pressão jurídica reflete a insatisfação com políticas consideradas insuficientes para frear a crise climática.

O Ministério do Clima neozelandês se recusou a comentar o caso, alegando que o assunto está sub judice. Enquanto isso, a controvérsia expõe as tensões entre metas climáticas internacionais e a implementação de políticas concretas – um desafio global que agora chega aos tribunais.

Financial Times, Bloomberg, The Diplomat, Camberra Times, RNZ, entre outros, repercutiram a ação contra o governo Neozelandês.

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Justiça climática

Nesta sessão, você saberá mais sobre racismo ambiental, justiça climática e as correlações entre gênero e clima. Compreenderá também como esses temas são transversais a tudo o que é relacionado às mudanças climáticas.
2 Aulas — 1h Total
Iniciar