No Afeganistão, Cabul pode ser 1ª cidade em nossos tempos a ficar sem água

Além da escassez, a contaminação da água agrava a crise: 80% dos recursos hídricos subterrâneos estão poluídos; população endividada tem que escolher entre gastar com comida ou água. 
11 de junho de 2025
afeganistão cabul água
Picryl

Um relatório da ONG Mercy Corps alerta que Cabul, capital do Afeganistão, pode se tornar a primeira cidade em nossos tempos a ficar sem água, com a extração superando drasticamente a recarga natural e enfrentando grave contaminação dos recursos hídricos remanescentes. A crise ameaça milhões de habitantes, com os aquíferos tendo baixado entre 25 e 30 metros na última década e um déficit anual de 44 milhões de metros cúbicos de água.

Organizações internacionais projetam o esgotamento total das reservas subterrâneas de Cabul até 2030, com quase metade dos poços da cidade já secos. 

Além da escassez, a contaminação da água agrava a crise: 80% dos recursos hídricos subterrâneos estão poluídos com esgoto, salinidade e arsênico. Muitos residentes gastam 30% de sua renda com água, e dois terços enfrentam endividamentos para matar a sede. Empresas privadas exploram a situação, vendendo água extraída de poços públicos a preços abusivos, dificultando ainda mais o acesso da população.

Como detalha o Guardian, a rápida expansão de Cabul aumentou drasticamente a demanda por água. A falta de gestão governamental eficiente piorou o problema ao longo dos anos. Enquanto isso, projetos de ajuda internacional enfrentam obstáculos: apenas US$ 8,4 milhões dos US$ 264 milhões necessários para saneamento foram arrecadados em 2025.

O retorno do Talibã ao poder em 2021 congelou US$ 3 bilhões em financiamento internacional para água e saneamento. Recentemente, os EUA cortaram mais de 80% da verba da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em Inglês) para o Afeganistão, aprofundando a crise. Segundo Dayne Curry, da Mercy Corps, a dependência de ajuda externa é crítica, mas soluções de longo prazo são negligenciadas devido a tensões políticas.

Moradores como Nazifa, professora em Cabul, destacam que a água é um Direito Humano, não uma questão política. Com poços secando e preços subindo, muitas famílias são forçadas a escolher entre comida e água. Projetos como o encanamento do rio Panjshir, que poderia abastecer 2 milhões de pessoas, aguardam aprovação orçamentária, mas a urgência exige ação imediata.

Ecowatch, Macao News, entre outros, repercutiram a dramática situação hídrica na cidade de Cabul.

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