85% dos projetos da Petrobras darão prejuízo sob meta de 1,5°C do Acordo de Paris

Relatório do IISD, WBA e WWF mostra que planos petrolíferos do Brasil são incompatíveis com Acordo de Paris e podem gerar US$ 35 bi em perdas.
12 de junho de 2025
projetos petrobras prejuízo acordo de paris
Alan Bastos/Porto de Rio Grande/Divulgação

Os planos de expansão da exploração de combustíveis fósseis no Brasil são péssimos para o clima do planeta. Um relatório conjunto do Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IISD), World Benchmarking Alliance (WBA) e WWF-Brasil reforca o perigo, e mostra que insistir nestes planos pode ser um péssimo negócio também para a Petrobras e para os cofres públicos, já que a União controla a petroleira e recebe parte de seus lucros.

Se a meta do Acordo de Paris de limitação do aumento da temperatura do planeta em 1,5oC acima dos níveis pré-industriais for cumprida – o que é urgente diante do agravamento das mudanças climáticas –, até 56% da nova produção de petróleo do Brasil e até 85% dos projetos da Petrobras podem ser economicamente inviáveis, gerando um desperdício de US$ 35 bilhões. É quase cinco vezes o lucro líquido da petroleira em 2024, que foi de US$ 7,5 bilhões.

Segundo o estudo, os empreendimentos de maior risco da Petrobras só dariam lucro se as temperaturas globais aumentassem 2,4°C ou mais – bem acima dos limites estabelecidos no Acordo de Paris, destaca a Exame. A questão é saber se haverá sociedades organizadas no planeta para consumir os combustíveis fósseis produzidos pela petroleira se os termômetros escalarem nessa medida.

Assim, o relatório frisa que “a nova produção só pode valer a pena em um mundo perigosamente superaquecido. Por outro lado, uma ação climática eficaz tornará obsoletos alguns ativos de combustíveis fósseis”, informam UOL, RFi e La Nacion. “Os planos de expansão de petróleo e gás muitas vezes se baseiam em cenários com suposições questionáveis para enfraquecer a ação climática”, aponta o documento.

Maior produtor de petróleo da América Latina, o Brasil espera extrair 5,3 milhões de barris por dia (bpd) em 2030. A partir daí, a produção do país deve começar a cair, chegando em 4,4 milhões de bpd em 2034, segundo projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Essa queda é usada como justificativa pela Petrobras e pela ala do governo que defende a exploração de petróleo no país “até a última gota” para explorar combustíveis fósseis em áreas de nova fronteira, como a foz do Amazonas e outras bacias da Margem Equatorial, no litoral do Norte e do Nordeste. No entanto, a própria petroleira projeta que o consumo de combustíveis fósseis no Brasil se estabilizará a partir de 2030. E a Agência Internacional de Energia (IEA) prevê queda no consumo global a partir deste mesmo ano.

“Para conter o aquecimento global, governos e empresas deverão cortar o consumo de petróleo, gás e seus derivados”, lembra Ricardo Fujii, especialista em conservação do WWF-Brasil. Com a redução do consumo, a demanda por combustíveis tende a cair. Consequentemente, os preços devem baixar, detalha a Veja. “Isso pode fazer com que a produção seja menos rentável e até gerar prejuízos às petroleiras ”, completou Fujii.

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Justiça climática

Nesta sessão, você saberá mais sobre racismo ambiental, justiça climática e as correlações entre gênero e clima. Compreenderá também como esses temas são transversais a tudo o que é relacionado às mudanças climáticas.
2 Aulas — 1h Total
Iniciar