O alto risco da desinformação climática e o papel dos influenciadores digitais

A propagação de mentiras pode ter impactos concretos, como atraso em políticas públicas, causando risco à saúde das populações e à economia.
16 de junho de 2025
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Composição Climainfo / Fotos: Freepik e Unsplash

Em coluna publicada pelo UOL Ecoa, o climatologista Carlos Nobre comentou sobre a importância do processo de comunicação e sobre como os influenciadores digitais precisam ser observados não apenas por conta de seu alcance, mas também pelos impactos que podem causar quando transformam-se em vetores para a desinformação climática. Para o cientista, a CPI das Bets trouxe à tona uma discussão crucial sobre qual é o limite da responsabilidade de quem lucra ao divulgar produtos que podem causar danos.

Assim como influenciadores que promovem cassinos online podem incentivar o vício em apostas, argumenta Nobre, aqueles que anunciam soluções milagrosas para perda de peso podem prejudicar a saúde de seus seguidores. Esse raciocínio se aplica também à publicidade de empresas poluentes, que contribuem para a crise climática. A desinformação ambiental, assim como a promoção de produtos nocivos, gera consequências graves, como atrasos em políticas públicas e riscos à saúde e à economia.

A expansão do mundo digital coincidiu com o aumento da preocupação com as mudanças climáticas, mas também abriu espaço para estratégias de desinformação. Empresas ligadas a combustíveis fósseis, por exemplo, têm se aproveitado da credibilidade de influenciadores para disseminar mensagens enganosas. Um relatório do DeSmog revelou centenas de casos em que criadores de conteúdo foram contratados para promover marcas poluentes, alcançando bilhões de pessoas.

Essas colaborações fazem parte de uma batalha narrativa em que empresas buscam preservar sua imagem perante o público, mesmo quando seus produtos e atividades agravam a crise ambiental. Alguns influenciadores podem não ter plena consciência do impacto de suas ações, enquanto outros justificam as parcerias como forma de financiar seu trabalho. Independentemente da motivação, o resultado é o mesmo: a disseminação de informações que minam esforços contra as mudanças climáticas.

Em 2024, a desinformação climática ganhou força, especialmente durante eventos extremos, como furacões e enchentes, quando teorias conspiratórias e imagens falsas se espalharam rapidamente. A decisão de reduzir programas de verificação de fatos tomada pela Meta (dona de Instagram, Facebook e WhatsApp) agravou o problema, deixando as redes sociais mais vulneráveis a notícias falsas.

Enquanto isso, a ONU propôs a proibição de publicidade de empresas poluentes, comparando-a à restrição de anúncios de cigarro. Iniciativas como a da UNESCO e do G20 buscam promover informações confiáveis sobre o clima, mostrando a necessidade de maior responsabilidade por parte de influenciadores e plataformas. No Brasil, dentre as iniciativas de combate à desinformação climática destaca-se o Observatório da Integridade da Informação – Clima, Democracia e Meio Ambiente (Oii), que foca na “cadeia produtiva” da criação e propagação de mentiras, além de influência nas políticas e tomadas de decisões nos temas sensíveis observados.

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