MPF entra na Justiça para suspender homologação do leilão da ANP

Órgão quer a proibição imediata de atos administrativos que formalizam resultados do certame, no qual 19 áreas na Foz do Amazonas foram vendidas.
25 de junho de 2025
leilão do fim do mundo
Eduardo Anizello/Folhapress via oecco

O Ministério Público Federal (MPF) pediu à Justiça Federal na 2ª feira (23/6) que suspenda as próximas etapas administrativas do “Novo Leilão do Fim do Mundo”, promovido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) na semana passada. Mesmo com sob ações judiciais e protestos, a ANP ofereceu 172 blocos de exploração de petróleo e gás fóssil ao mercado, dos quais 34 foram arrematados por petroleiras, sendo 19 deles na Foz do Amazonas. Os blocos na Foz foram arrematadas pelos consórcios Petrobras/Exxon e Chevron/CNPC: uma empresa brasileira, duas estadunidenses e uma chinesa.

A solicitação do MPF inclui a proibição imediata de atos administrativos que formalizam os resultados do certame – como a homologação e adjudicação dos blocos arrematados – até que sejam cumpridas exigências previstas na legislação socioambiental brasileira, informaram g1, Carta Capital, Agência Infra e Diário do Povo. A homologação dos resultados está prevista para ocorrer até 1º de setembro.

Dias antes do leilão, o Ministério Público entrou com uma ação judicial para impedir sua realização até que a legislação fosse cumprida. A oferta pública foi realizada pela agência sem que a Justiça tivesse decidido sobre os pedidos. Por isso, o MPF fez seu aditamento [atualização], com novas reivindicações.

A ação aponta a obrigatoriedade de realização de estudo de impacto climático, de Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS), de estudos sobre Povos e Comunidades Tradicionais e da Consulta Prévia, Livre e Informada (CPLI) quando impactados. Nada foi feito pela ANP.

A realização do certame sem os estudos prévios adequados e sem a CPLI representa uma grave violação de direitos fundamentais, compromissos internacionais e da legislação ambiental brasileira, aponta o MPF. Antes de acionar a Justiça, o órgão recomendou à ANP que suspendesse a oferta pública por causa dessas pendências, mas não foi atendido pela agência reguladora.

Agora, ao fazer o aditamento à ação, além dos estudos e da CPLI, o MPF solicita, em caráter de urgência, a inclusão do IBAMA como réu no processo, ao lado da União e ANP; a proibição imediata da homologação e adjudicação dos resultados do leilão; a proibição do início de qualquer processo de licenciamento ambiental para os 19 blocos na Foz do Amazonas; e a imediata proibição de inclusão de blocos na Foz em novos leilões de exploração de combustíveis fósseis até o julgamento definitivo dos pedidos do MPF.

Se os contratos de concessão forem formalizados sem a realização dos estudos ambientais e da CPLI obrigatórios, o MPF pede que a Justiça Federal anule o leilão.

  • Em tempo: O navio-sonda NS-42 (ou ODN II), escolhido pela Petrobras para o simulado de vazamento de petróleo (Avaliação Pré-Operacional, ou APO) no bloco FZA-M-59, na Foz do Amazonas, deve chegar à região na próxima 2ª feira (30/6), informou o g1. A APO é uma etapa do licenciamento junto ao IBAMA para o poço de exploração de petróleo que a petroleira quer perfurar no bloco. A estatal planeja fazer o simulado em meados de julho, mas a data ainda depende de autorização do IBAMA, que o acompanhará.

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