
A guerra entre Israel e Irã fez os preços do petróleo dispararem no mercado internacional e acendeu um alerta no governo. Como o Brasil ainda precisa importar óleo cru, gasolina e diesel, embora seja exportador líquido de petróleo, a instabilidade poderia pressionar os preços dos combustíveis internamente, com um efeito cascata sobre alimentos e outros produtos.
Para evitar isso, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) decidiu, em reunião na 4ª feira (25/6), aumentar os percentuais de etanol e biodiesel na gasolina e no diesel, respectivamente. A partir de 1º de agosto, a mistura de etanol na gasolina passará de 27,5% para 30%, enquanto o teor de biodiesel no diesel de origem fóssil subirá de 14% para 15%, informam Estadão, Correio Braziliense, A Tarde, Brasil Energia, O Globo, g1, R7 e Bloomberg.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, espera que os consumidores possam observar o “mais rápido” possível a redução no preço da gasolina nas bombas com o aumento da mistura do etanol, informa o Valor. De acordo com o secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, Pietro Mendes, o novo percentual de etanol vai gerar queda de R$ 0,11 no litro da gasolina aos consumidores finais, de R$ 6,17 para R$ 6,06.
No caso do diesel, o MME não espera queda nas bombas. A pasta calcula que a elevação do teor de biodiesel no combustível fóssil terá impacto nulo ao consumidor final, justamente pelo aumento da cotação do diesel importado.
Se não vai ser sentido nas bombas, o aumento de biodiesel pode ter um efeito deflacionário em alimentos, como proteínas animais, com maior esmagamento de soja e produção de farelo, que alimenta os animais, e crescimento da economia em geral, segundo especialistas ouvidos pela Globo Rural.
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE) calcula que o novo teor vai aumentar a demanda por óleo de soja em 150 mil toneladas no último trimestre. O acréscimo vai impulsionar o esmagamento da oleaginosa em cerca de 750 mil toneladas adicionais de setembro a dezembro, o que deve gerar 600 mil toneladas de farelo e mais 300 milhões de litros de biodiesel produzidos, totalizando 9,8 bilhões de litros em 2025, segundo a entidade.
Para o presidente da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (APROBIO), Erasmo Battistella, o aumento do percentual obrigatório de biodiesel coloca o cronograma de elevação da mistura em dia, relata o UOL. “Vamos construir os próximos marcos juntos para elevar a mistura do biodiesel de 15% para 20%, como prevê a lei do combustível do futuro”, disse.
O aumento da mistura de etanol e biodiesel a gasolina e diesel não beneficia apenas o bolso da população. Também vai reduzir as emissões de carros, ônibus e caminhões, com menos combustíveis fósseis sendo queimados. O clima agradece.