Lula volta a defender exploração de petróleo na Foz do Amazonas

Presidente insiste na narrativa falaciosa de que combustíveis fósseis da região vão garantir dinheiro para financiar a transição energética.
26 de junho de 2025
foz do amazonas
Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Uma semana depois do “Novo Leilão do Fim do Mundo” da Agência Nacional do Petróleo (ANP), no qual Petrobras, Exxon, Chevron e CNPC arremataram 19 blocos na Foz do Amazonas, o presidente Lula defendeu de novo a exploração de combustíveis fósseis na região. Lula acionou a narrativa falaciosa de que o dinheiro do petróleo e do gás da Foz vai financiar a transição energética do país. Só que o Brasil ainda não tem plano de transição energética. E se não houver petróleo e gás na Foz, não haverá transição energética no país?

“Ninguém vai me dizer ‘não vai explorar petróleo na Margem Equatorial [leia-se “Foz do Amazonas”]’. A gente vai tratar com muita seriedade, pesquisar, quer ver se tem, e, se tiver, vamos tratar, porque será o único petróleo que vai garantir o financiamento desse país, e pro mundo, fazer a transição ecológica definitivamente e abrir mão do combustível fóssil”, disse o presidente em reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) na 4ª feira (25/6).

Lula classificou o [suposto] petróleo da Margem Equatorial como um ativo estratégico para garantir recursos à transição energética, reiterando que o país fará tudo com base em critérios técnicos e ambientais, relata O Globo. No entanto, se a questão técnica fosse de fato respeitada, a exploração da Foz do Amazonas não iria adiante, já que analistas ambientais do IBAMA recomendaram por três vezes negar a licença para o poço de exploração de combustíveis fósseis que a Petrobras quer perfurar no bloco FZA-M-59.

Não é novidade que Lula é um entusiasta da exploração de combustíveis fósseis no Brasil, apesar da necessidade de eliminá-los o quanto antes para se conter as mudanças do clima. Mas não deixa de surpreender o apoio que o presidente pediu na reunião do CNPE ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que, além de defender explorar petróleo no Brasil “até a última gota” e a conclusão da usina nuclear de Angra 3, até agora não entregou o plano nacional de transição energética, sob responsabilidade de sua pasta.

Lula pediu suporte a Silveira dizendo que a pressão não é fácil, relata o Valor. “Vocês sabem que há interesses antagônicos, então é importante que vocês estejam alertas para ajudar as coisas darem certo neste país”, disse.

CBN, IstoÉ Dinheiro, IstoÉ, UOL, Correio Braziliense, Tribuna do Norte, Brasil 247 e Folha PE repercutiram a nova defesa de Lula pela exploração da Foz.

  • Em tempo: Uma década após a assinatura do Acordo de Paris, que exigia uma rápida redução do uso de carvão, o consumo do combustível fóssil continua em alta, destaca o Financial Times, em matéria traduzida pela Folha. A resiliência pode ser atribuída a uma combinação de vantagens econômicas e eventos geopolíticos. Do ponto de vista econômico, o carvão é barato e abundante em economias emergentes como China, Índia e Indonésia. E a pandemia de COVID-19 e a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022 impulsionaram seu uso. A pandemia resultou em grandes pacotes de estímulo econômico e um surto industrial após a crise, particularmente na China, o maior usuário de carvão do mundo.

     

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