“Lixão flutuante” na Amazônia vira problema diplomático entre Brasil e Peru

Comunidade brasileira é diretamente afetada por poluição fluvial; situação mostra fragilidade das ações coordenadas na fronteira amazônica. 
1 de julho de 2025
lixão flutuante na amazônia vira problema diplomático entre brasil e peru
Reprodução/Prefeitura Municipal de Benjamin Constant

Um lixão flutuante instalado há 20 anos no vilarejo peruano de Islândia, na tríplice fronteira com Brasil e Colômbia, vem contaminando o rio Javarizinho (afluente do Javarmeioi) e afetando diretamente Benjamin Constant, no Amazonas. Segundo O Globo, a Defensoria Pública do estado acionou o governo federal no último dia 18, com ofícios exigindo ação internacional para resolver o problema.

O depósito irregular, que ocupa 4.800 m² com montes de até 9 metros de altura (90% submersos na cheia), contém resíduos orgânicos, hospitalares e metais pesados despejados diretamente no rio. De acordo com o Grupo de Articulação e Atuação Estratégica para Acesso à Justiça dos Grupos Vulneráveis e Vulnerabilizados (GAEGRUV), o município de Benjamin Constant é o mais afetado pelo problema ambiental-sanitário. Banhada pelo Javari, a cidade de cerca de 45 mil habitantes recebe as águas contaminadas do lixão. Análises municipais mediram apenas 1,28 mg/L de oxigênio dissolvido a valor abaixo do mínimo de 5 mg/L exigido para vida aquática.

Em resposta, o Ministério do Meio Ambiente informou ter proposto ao Peru a construção de um aterro sanitário binacional durante reunião do Grupo de Cooperação Ambiental Fronteiriça. O tema será revisitado em nova sessão em 10 de julho, mas autoridades locais criticam a lentidão.
“Precisamos da internacionalização do problema”, afirmou o subsecretário municipal Weique de Almeida, destacando que a cidade produz de 30 a 36 toneladas diárias de lixo, contra 10 toneladas de Islândia.  “A liberação de substâncias tóxicas pode gerar surtos de doenças”, alertou o defensor público Renan Nóbrega.

Enquanto isso, soluções paliativas são discutidas – como retomar o uso de uma balsa para armazenamento temporário, medida já testada pelo Peru no passado. O caso expõe falhas na cooperação fronteiriça: embora Brasil e Peru mantenham projetos conjuntos de gestão de resíduos no Acre e em Tahuamanu, o lixão de Islândia permanece sem solução.

Folha, UOL, O Globo e Agência Cenarium traçaram um panorama do caso do lixão na fronteira amazônica.

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