Países do BRICS têm potencial para liderar industrialização verde

Análise revela vantagens potenciais dos países do bloco para encabeçar a transição energética e a indústria 4.0.
3 de julho de 2025
países do brics têm potencial para liderar industrialização verde
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A reindustrialização voltada à sustentabilidade é uma oportunidade valiosa para os países do BRICS. A constatação é de um novo estudo da rede Zero Carbon Analytics, encomendado pelo Instituto ClimaInfo. O relatório explicita que, apesar da ausência de uma organização efetiva sobre o tema, a cooperação entre esses países pode gerar ganhos econômicos e estratégicos, além de reduzir a dependência de cadeias externas de suprimento.

A colaboração entre os membros do bloco ainda é limitada. Renata Albuquerque Ribeiro, uma das autoras da pesquisa, afirmou ao Valor que as nações-membro precisam intensificar os esforços para alinhar suas agendas. “Há uma base sólida de recursos, mas falta coordenação entre os membros do bloco”, destacou. A pesquisadora enfatiza que os países reúnem parte significativa das reservas globais de minerais como grafite, níquel e manganês.

Outro ponto abordado é o papel do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), também conhecido como Banco dos BRICS, que entre 2015 e 2021 destinou US$5,2 bilhões a projetos climáticos. Até 2026, a entidade planeja investir US$ 30 bilhões em infraestrutura e sustentabilidade, com 40% desse total voltado às energias renováveis. “A reunião do BRICS [nos próximos dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro] é uma oportunidade para estruturar a transição energética como pilar da industrialização de baixo carbono”, pondera Ribeiro.

Os impactos das tarifas impostas pelos EUA, que podem causar perdas de até US$ 1,5 bilhão às exportações brasileiras e redirecionar o comércio chinês para os parceiros do bloco, é outro fator que demonstra oportunidades de cooperação e ação coordenada.

O avanço dos veículos elétricos no bloco traz outra possibilidade de  ampliação nas transações estratégicas entre esses países. A China respondeu por 70% da produção global em 2024. No Brasil, as importações chegaram a US$ 1,6 bilhão, um aumento de 108% em relação ao ano anterior. As vendas por aqui cresceram 89%. Para atender à demanda, a fabricante chinesa BYD está construindo uma nova fábrica na Bahia.

Na produção de combustíveis sustentáveis para a aviação, Brasil e Índia se destacam. Três projetos brasileiros devem gerar até 1,1 bilhão de litros de SAF por ano a partir de 2027, com investimento de US$1 bilhão da empresa chinesa Envision Energy. A Índia, por sua vez, projeta produzir até 10 bilhões de toneladas de combustível sustentável até 2040, com investimentos entre US$ 70 bilhões e US$ 85 bilhões.

O potencial demonstrado pelo estudo amplifica as intenções de ação coordenada já mencionadas na última semana, quando representantes das Academias de Ciências dos 11 países membros do BRICS lançaram uma declaração conjunta defendendo a criação de uma rede colaborativa para soluções climáticas, com ênfase em tecnologias de transição energética e programas conjuntos de inteligência artificial.

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