
A Comissão Europeia propôs na última 4a feira (2/7) uma nova meta de redução de suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) sob o Acordo de Paris. Pela proposta apresentada, as emissões líquidas de GEE serão reduzidas em 90% até 2040, em comparação com os níveis de 1990, mantendo o caminho para a neutralidade em carbono até 2050.
Ao mesmo tempo, pela primeira vez, a proposta prevê aos países do bloco a possibilidade de utilizar créditos de carbono de nações em desenvolvimento para cumprir parte de seus objetivos de redução de emissões. Pelo projeto, até 3% da redução poderá ser alcançada por meio de créditos de carbono adquiridos em mercados internacionais apoiados pela ONU, com uma fase de implementação a partir de 2036.
O comissário europeu do Clima, Wopke Hoekstra, afirmou que a meta foi elaborada em um contexto geopolítico “extremamente difícil”, mas garantirá segurança para investimentos industriais. “Faz sentido, do ponto de vista econômico, de segurança e geopolítico, manter o curso no combate às mudanças climáticas”, disse.
A proposta ainda precisa ser aprovada pelo Parlamento Europeu e por uma maioria reforçada dos países-membros. A Polônia criticou a meta como “irrealista”. A medida surge em um momento em que a Europa enfrenta eventos climáticos extremos, como ondas de calor e incêndios florestais, mas também resistência de setores industriais afetados por custos energéticos e disputas comerciais.
Para a Alemanha, a ambição europeia pode incentivar outras grandes economias, como China e Índia, a adotarem medidas semelhantes. A proposta também permite ajustes setoriais – por exemplo, se florestas absorverem menos CO₂, os países poderão compensar com cortes mais rápidos em outras áreas, como transporte.
Fora do bloco, informa a Climate Home, países como Reino Unido, Noruega e Canadá já admitem o uso de compensações de carbono em suas metas climáticas. O Japão planeja adquirir créditos equivalentes a 100 milhões de toneladas de CO₂ até 2030 e 200 milhões até 2040, como parte de sua estratégia para reduzir emissões em 46% e 73% respectivamente (tomando como base os níveis de 2013).
Simultaneamente, o bloco prepara também medidas para compensar empresas afetadas pelo Mecanismo de Ajuste de Carbono (CBAM, na sigla em Inglês), que entrará em vigor plenamente em 2026, visando evitar a fuga de indústrias para países com regras ambientais mais brandas. Após pressões de governos como França, Alemanha, Itália, Polônia e República Tcheca, a Comissão incluiu flexibilidades que amenizam a meta para as indústrias europeias.
Guardian, Bloomberg, Reuters, Deutsche Welle, Business Green e POLITICO, além de Valor, VEJA e Folha, repercutiram a notícia.