Nordeste: secas e desertificação com a emergência climática

Nesta aula, os professores Humberto Alves Barbosa e Catarina de Oliveira Buriti abordam os conceitos de seca e desertificação, bem como suas correlações com a emergência climática. Também apresentam perspectivas pelas quais esses assuntos devem ser abordados em coberturas jornalísticas sobre o semiárido brasileiro.

    Destaques da aula

  • A região do semiárido, no Nordeste brasileiro, é parte do bioma Caatinga e tem as secas como sua característica física e natural.
  • Atualmente, cerca de 13% do território brasileiro sofre com a desertificação.
  • Existe monitoramento de secas no Nordeste há 170 anos. Neste período, foram registrados oito períodos de secas prolongadas, sendo o mais recente entre 2012 a 2017.
  • A seca ocorrida de 2012 a 2017 se destaca por sua duração prolongada e pelos impactos socioeconômicos e ambientais provocados.
  • Apesar da seca ser uma questão recorrente e amplamente registrada, os municípios do semiárido não têm planos de contingência como instrumento orientador para a prevenção e a mitigação dos resultados negativos.

Duração

76 min

Professor(a)s

Humberto Alves Barbosa é fundador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis – https://lapismet.com.br/), Barbosa é professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), desenvolveu projeto de pós-doutorado na University of Bergen (Noruega), possui doutorado em Solo, Água e Ciências Ambientais/Sensoriamento Remoto pela University of Arizona (Estados Unidos), é mestre em Sensoriamento Remoto pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e graduou-se em Meteorologia pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Participa como autor de relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), na área de degradação das terras e desertificação. Desde 2007, é responsável, no Brasil, pela implantação e operação do “Sistema EUMETCast”, uma tecnologia descentralizada de recepção de dados de satélites da Organização Europeia para a Exploração de Satélites Meteorológicos (EUMETSAT).
Catarina de Oliveira Buriti é jornalista e historiadora, possui doutorado em Recursos Naturais e mestrado em História. Divulgadora científica do Instituto Nacional do Semiárido (INSA/ MCTI), é cofundadora do Instituto Letras Ambientais (https://www.letrasambientais.org.br/), uma organização especializada em divulgar informações para inteligência climática e ambiental baseadas em dados de satélites.

A região do semiárido nordestino integra o bioma Caatinga e tem as secas como sua característica física e natural. A área abriga 65% das terras áridas, semiáridas e sub-úmidas do Brasil. Porém, as mudanças climáticas impactam o regime de secas e acirram a desertificação, processo definido como o empobrecimento e a perda de umidade do solo, até que ele adquira características semelhantes às de um deserto. 

Atualmente, cerca de 13% do território brasileiro sofre com a desertificação. O semiárido nordestino é uma das maiores áreas do mundo suscetíveis à desertificação, com extensão de 1,3 milhão de km² e população de 31 milhões de pessoas. A desertificação é um processo crescente, retroalimentado pela seca, mas que acontece todos os dias também por meio de práticas predatórias e de manejo inadequado do solo e dos recursos naturais que vão desde a derrubada da vegetação até a extração de areia e de argila.

Desde 1845, agências governamentais monitoram o ciclo de secas no Nordeste. Ao longo destes 170 anos, foram registrados oito períodos de secas prolongadas, tendo o mais recente ocorrido de 2012 a 2017. Essa última seca se destaca por sua duração prolongada e pelos impactos socioeconômicos e ambientais provocados – tais impactos merecem o interesse dos jornalistas. 

O semiárido brasileiro tem algumas áreas em que as chuvas variam de 100 a 300 milímetros por ano, e outras onde o volume de precipitação chega a 800 milímetros. O que caracteriza a seca meteorológica é estar abaixo da média anual dos últimos 30 anos.

Apesar de a seca ser uma questão recorrente e amplamente registrada, os municípios do semiárido não têm planos de contingência como instrumento orientador para a prevenção e a mitigação dos resultados negativos. Esse é um dos aspectos que demonstra a vulnerabilidade de governança que existe em relação ao tema. Faltam instituições fortes e capacitadas, que se dediquem a aprender com as experiências já vividas, e existe uma escassez de regulamentação e fiscalização, bem como de conhecimento científico gerado.

1
Transição justa: o que é fracking e seus impactos para o Nordeste
2
Mapbiomas – desmatamento na Caatinga
3
Energias renováveis e o potencial no Nordeste
4
Energia e emergência climática
5
Crise hídrica no Nordeste
6
Bacia do rio São Francisco e as mudanças climáticas
7
Impactos das mudanças climáticas no Matopiba
8
Nordeste: secas e desertificação com a emergência climática
9
Seca, desertificação e mudanças climáticas no Nordeste
10
Transição justa: plano de saída ao uso do carvão mineral nas termelétricas
11
Santa Catarina e os eventos extremos decorrentes das mudanças climáticas
12
Soluções baseadas na natureza em Santa Catarina
13
Sistemas de monitoramento na Amazônia
14
Sistemas costeiros e marinhos da Amazônia
15
Queimadas na Amazônia e a degradação da floresta
16
Recursos hídricos e as mudanças climáticas em Santa Catarina
17
Empreendedorismo e aceleradoras de startups na Amazônia
18
Sociobioeconomia para conectar ‘as Amazônias’ urbana e profunda
19
Mudanças climáticas, Amazônia e sustentabilidade

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