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Desmatamento

07 desmatamento amazônia

Por que incluir o desmatamento no Painel de Controle da crise climática?

Mais da metade das emissões brasileiras de gases de efeito estufa vem do desmatamento e da perda de vegetação nativa nos nossos seis biomas1.

O gráfico que ilustra este texto mostra a área desmatada a cada ano na Amazônia ao longo deste século. Depois de ter atingido um pico em 2004, as políticas de controle implantadas a partir deste ano começaram a fazer efeito. O desmatamento caiu por 8 anos seguidos e chegou ao menor valor da série histórica, 4.570 km2, em 2012. A partir de 2013, os controles afrouxaram e o desmatamento voltou a aumentar. Estima-se que a floresta Amazônica já tenha perdido quase 20% da sua área, quase 800.000 km2.

Em geral, os madeireiros ilegais são os primeiros a abrir uma área de floresta virgem. Eles abrem estradas para que caminhões pesados removam as toras mais nobres. Em seguida vêm os grileiros que removem o que sobrou da floresta para tomar posse de uma terra que não é deles. Na área limpa pelo fogo, a grama cresce rapidamente e se torna atrativa para criadores de gado. Finalmente, depois de alguns anos do início da sequência, latifundiários compram a área para plantar soja, milho e outras commodities agrícolas. Mais da metade da área desmatada até agora foi ocupada por grandes lavouras.

Nosso segundo maior bioma, o Cerrado, já perdeu cerca de metade da sua vegetação natural. Nos últimos 30 anos, a grande expansão do agronegócio, especialmente da soja, do milho e do gado, se deu ocupando o Cerrado. Só neste século, quase 400.000 km2 de Cerrado foram desmatados.

Já a Mata Atlântica é o mais devastado dos nossos biomas. Quando os portugueses por aqui aportaram em 1500, a Mata Atlântica ocupava estimados 1,3 milhões de km2, mas, agora, ocupa apenas 320.000 km2. Esta área está espalhada através de 17 estados.

 

Como se mede o desmatamento e as emissões associadas de gases com efeito estufa?

Os principais sistemas de monitoramento do desmatamento ficam no INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Ali, pesquisadores interpretam fotografias de diferentes satélites que passam várias vezes por semana por cima da Amazônia e do Cerrado. A quantidade oficial de desmatamento é publicada pelo INPE uma vez por ano, cobrindo o período de agosto de um ano a julho do seguinte. Estes meses foram escolhidos por apresentarem menor cobertura de nuvens. Um outro sistema do INPE, o DETER, emite alertas de desmatamento quando detecta áreas recém-abertas. Ele registra cerca de 60% dos valores oficiais porque a cobertura de nuvens impede a visão em tempo real. Estes dois sistemas geram os valores de desmatamento para a Amazônia e Cerrado2.

O desmatamento na Amazônia também é acompanhado por outros sistemas. O Imazon publica mensalmente o Boletim do Desmatamento (SAD)3, importante dadas las análises da dinâmica da perda florestal.

A plataforma MapBiomas4 é atualizada anualmente e dá uma visão detalhada das florestas, pastos e lavouras em todo o Brasil e permite examinar as transições ano a ano.

 

O que podemos prever em relação ao desmatamento futuro?

A situação da floresta Amazônica é crítica. Cientistas preveem que haverá um ponto a partir do qual o sistema de chuvas e evapotranspiração será reduzido e a floresta não conseguirá mais se regenerar. Espécies mais adaptadas ao clima seco passarão a predominar e a floresta dará lugar a campos sujos. Este ponto crítico está muito próximo e a perda de mais poucos pontos percentuais será o suficiente para o declínio da maior floresta tropical do planeta. É urgente conter o desmatamento.

 

Metodologia

O ClimaInfo acompanha os dados do INPE, tanto do PRODES quanto do DETER, para a Amazônia e o Cerrado.

 

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1 – Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pampa e Pantanal. O sistema costeiro-marinho é igualmente importante, embora não tenha obtido a classificação de bioma.

2 – A plataforma Terra Brasilis (http://terrabrasilis.dpi.inpe.br/) do INPE permite o acompanhamento dos dados anuais (Prodes) e os alertas de desmatamento (Deter).

3 – https://imazon.org.br/categorias/boletim-do-desmatamento/

4 – https://mapbiomas.org/

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ClimaInfo, agosto de 2021.

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