Por que incluir as emissões globais de gases com efeito estufa no Painel de Controle da crise climática?
Essa é a parcela humana no aquecimento global: a soma anual de todas as emissões de todos os gases com efeito de estufa geradas a partir das atividades humanas. A queima de combustíveis fósseis e outros processos industriais respondem por quase 3/4 das emissões globais. O desmatamento e demais mudanças no uso da terra representam quase 11%, e as da agropecuária, outros 11%. O resto vem da decomposição de resíduos, principalmente, urbanos.
Até o começo da era industrial, no século 19, as emissões das sociedades humanas eram praticamente as mesmas desde que surgiram as civilizações milênios atrás. A revolução industrial foi alimentada, primeiro, pela queima de carvão e, depois, pela de petróleo e gás. Mais recentemente, a rápida expansão da agricultura se fez desmatando grandes florestas mundo afora. Isso aconteceu antes, mas numa escala de tempo de séculos e não anualmente, como agora. Nas últimas décadas, ainda, houve o tremendo aumento no rebanho bovino e na quantidade de lixo que a sociedade moderna produz. Tudo isso fez a emissão de gases de efeito estufa pela humanidade explodir, como dá pra ver no primeiro gráfico a ilustrar este texto.
Olhando para os gases de efeito estufa emitidos por nós humanos, ⅔ são de dióxido de carbono (CO2) proveniente, principalmente da queima de combustíveis fósseis. O metano (CH4) corresponde a ¼, e vem do arroto de rebanhos de ruminantes – principalmente gado – e da decomposição de resíduos e da vegetação em áreas alagadas. O terceiro gás mais importante é o óxido nitroso correspondendo a 5% das emissões globais, provenientes principalmente da agricultura. Ainda há um pouco mais correspondentes aos gases industriais fluorinados que, embora em pouca concentração, têm um potencial de aquecimento global
ALERTA IMPORTANTE
Internacionalmente, a maioria das notícias, relatórios e sites publicam apenas as emissões geradas pela queima de combustíveis fósseis e, quando muito, da decomposição de resíduos. Assim, ao invés de valores acima de 50 GtCO2e (bilhões de toneladas), é comum encontrar referências a quantidades entre 30 e 40 GtCO2e. Também é comum encontrar as emissões apenas do dióxido de carbono, sem os demais gases (tCO2 sem o ‘e’).
A participação das emissões anuais do Brasil, de entre 2 e 2,5 GtCO2e, coloca o país em 5º lugar entre os maiores emissores. Quando só se leva em conta as emissões de energia, a posição do país cai para 14º.
Como se calculam as emissões globais de gases com efeito estufa?
Todos os países se comprometeram em reportar suas emissões e o IPCC publica periodicamente, guias de como estimá-las. Esses guias definem o que deve ser levado em conta, como obter dados locais e, na ausência desses, valores padrão a serem utilizados.
O que deve acontecer com as emissões globais destes gases?
Alguns países ricos estão conseguindo reduzir a queima de combustíveis fósseis. Um dos grandes movimentos neste sentido é a substituição da geração de eletricidade a partir do carvão mineral pela gerada por meio de fontes renováveis e pelo gás natural. Uma usina térmica a gás natural emite cerca de metade das de uma a carvão mineral. Dois grandes países, China e Índia, ainda queimam muito carvão e continuarão a queimá-lo cada vez mais, pelo menos até 2030. Depois, segundo seus planos, as emissões de carvão devem começar a cair. Nesta toada, a concentração de CO2 na atmosfera deve seguir aumentando. Na melhor das hipóteses, deve aumentar cada vez menos.
Metodologia
As emissões normalmente são reportadas uma vez por ano. O valor apresentado vem do relatório da PBL, a agência de assessoria ambiental da Holanda, publicado no começo de 2021 neste link:
https://www.pbl.nl/sites/default/files/downloads/pbl-2020-trends-in-global-co2-and_total-greenhouse-gas-emissions-2020-report_4331.pdf
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1- Sigla em inglês do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. O IPCC foi criado para, regularmente, sistematizar o conhecimento sobre a mudança climática, suas implicações e potenciais riscos futuros, bem como para apresentar opções de adaptação e mitigação.
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ClimaInfo, agosto de 2021.
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