Amazônia em chamas

Amazônia em chamas

Última atualização
30 de setembro de 2024
  • O Brasil bate recordes nos números de queimadas em 2024 e o bioma amazônico registra maior parte dos focos de calor. Números são os maiores em 19 anos. 
  • Ventos que deveriam trazer umidade da floresta estão, agora, carregando fumaça para o resto do país.
  • Fumaça se soma a seca que atinge a maioria dos municípios da Amazônia. 
  • Corpos d’água importantes para a região, como os da Bacia do Rio Madeira, estão com volume de água abaixo do normal para o período.
  • Existem indícios de uma nova tática de desmatamento, não mais usando motosserras e outros maquinários pesados, mas usando o fogo para degradação da floresta. 

A Amazônia está pegando fogo.

Apesar da redução dos alertas de desmatamento em 2023, houve uma piora nos incêndios florestais na Amazônia brasileira, elevando ao valor mais alto em 19 anos. A destruição florestal já impacta outras regiões do país, com os rios voadores levando, ao invés de umidade, fuligem e fumaça para o sul e países vizinhos

A estação seca chegou dois meses antes. Apesar da baixa do desmatamento, existe uma condição muito favorável a grandes incêndios. Ainda é cedo para entender o efeito da estação de queimadas no bioma

Os lençóis freáticos da Amazônia não receberam a carga hídrica de um verão para o outro. Com pouca previsão de chuva pela frente, a região começa a temporada com a régua muito baixa.

A bacia do rio Madeira está abaixo de 2,50 metros, trazendo um alerta para a região. Dados do Boletins do Serviço Geológico do Brasil (ex-CPRM) apontam que na capital amazonense e no interior a estiagem provoca baixíssima umidade e temperaturas elevadas.

Cenário, que entre outras coisas, pode comprometer a geração de energia nas usinas do rio Madeira. Enquanto isso, o Sul da Amazônia Ocidental ainda tem dois meses de seca severa pela frente.

Na fala de especialistas: “só a chuva nos salvará”.

Como chegamos até aqui? 

Enquanto a floresta queima, historicamente de agosto e setembro, 2023 já mostrou características distintas, com queimadas em fevereiro e março na região norte da floresta, onde está mais seco. A questão da localidade é importante: enquanto houve redução do desmatamento e da área queimada na região do Arco do Desmatamento, as ocorrências aumentaram na porção norte da floresta.

Houve um aumento da área queimada em municípios que se localizam ao norte do rio Amazonas, nos estados do Amazonas, Pará, Roraima e Amapá, com predomínio de incêndios florestais, como Óbidos no Pará, Pacaraima em Roraima e Oriximiná no Pará. No sul do Amazonas, a chegada mais forte da agricultura mecanizada e da pecuária fez com o estado virasse um hub de desmatamento e queimadas. 

A Amazônia tem mais de 800 mil quilômetros quadrados de áreas desmatadas, a maioria utilizada para pastagem. Portanto, quem está nessas áreas continua utilizando o fogo para o manejo do pasto, o que aumenta a incidência de queimadas, somando-se às novas invasões. Não basta apenas reduzir o desmatamento, é necessário monitorar o que acontece com as áreas já destruídas.

A pior seca em 125 anos na região levou à mortandade em massa de espécies aquáticas, principalmente nos lagos e afluentes principalmente ao longo da calha norte dos rios Solimões e Amazonas. Isso afetou a disponibilidade de alimentos e água potável para famílias ribeirinhas. 

Ainda não é certo quais foram os impactos das mudanças climáticas no bioma nos últimos anos, tendo em vista que tal medição só é possível em períodos longos de tempo, mas alguns efeitos já são observados. 

É o caso da diminuição do espelho d’água, que aumenta a competição entre os peixes e cria condições para erosão genética; problemas de frutificação e floração de plantas, com número menor de flores, frutos e até mesmo redução de tamanho.

Fenômenos climáticos como o El Niño impactaram a condição de seca na Amazônia, no entanto, já existem estudos que salientam que esta anomalia climática foi secundária para a seca severa que o bioma passou frente às mudanças climáticas provenientes da queima de combustíveis fósseis e pelo desmatamento. 

O que precisamos: 

  • Reforçar combate do desmatamento na região do Arco do Desmatamento, intensificando medidas para conter aumento na porção norte da Amazônia.
  • Entender as características e necessidades socioeconômicas locais para equilibrar conservação e desenvolvimento econômico.
  • Fortalecer órgãos ambientais e seus servidores, por exemplo, dispondo de melhores equipamentos para contenção do fogo e aumento de vagas de fiscais. 
  • Punir infratores. 
  • Criar ações que desestimulam o desmatamento, como crédito para municípios que têm reduzido a área de desmatamento.
  • Abandonar uso do fogo na pecuária e agricultura, ficando seu uso restrito a populações tradicionais que historicamente manejam o fogo em áreas muito pequenas e pequenos agricultores que não tem outra opção viável tecnicamente e financeiramente.

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