Vender refinarias é “obstáculo” para transição energética, diz Petrobras 

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Fernando Frazão/Agência Brasil

Este foi um dos argumentos usados pela petroleira em proposta ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para manter controle de 5 plantas de refino.

“A alienação de refinarias resultou em perdas de eficiências advindas da atuação integrada da Petrobras e a pulverização de seus ativos de refino é incompatível com os investimentos necessários à transição energética.”

Não, você não leu errado. Para tentar encerrar o Termo de Compromisso de Cessação (TCC), firmado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em junho de 2019, que determinava a venda de metade de suas refinarias de combustíveis fósseis, a Petrobras apelou para a “transição energética” como justificativa para ficar com essas plantas, informam O Globo, Agência Brasil, Carta Capital, IstoÉ Dinheiro, Folha, IstoÉ e A Tarde. Eólicas? Solares? Não, obrigado.

Na argumentação ao Cade, a estatal sustentou que a venda das plantas de refino afetam a execução da política energética nacional e são um obstáculo aos projetos do país para a transição energética [???]. O documento cita os aportes previstos para readequar o parque refinador às demandas de produção de biocombustíveis, intensificadas pelo Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC).

Das refinarias incluídas no TCC, a Petrobras vendeu a Landulpho Alves (RLAM), em São Francisco do Conde (BA); Isaac Sabbá (Reman), em Manaus (AM); e a Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), em São Mateus do Sul (PR). Mas não conseguiu alienar as plantas de refino Abreu e Lima (RNEST/PE), Presidente Getúlio Vargas (Repar/PR), Gabriel Passos (Regap/MG), Alberto Pasqualini (Refap/RS) e a Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor/CE).

E no que depender do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e sua agora mais fiel escudeira à frente da petroleira, Magda Chambriard, a Petrobras vai expandir sua capacidade de refinar petróleo. Além, claro, de explorar mais combustíveis fósseis: “Pensamos igual sobre margem equatorial [leia-se ‘foz do Amazonas’]”, disse ele sobre ela, destaca a Folha.

Silveira afirmou que Magda vai cuidar da política de preços de combustíveis e petróleo e cumprirá rigorosamente o plano de investimentos já divulgado pela companhia, informam IstoÉ Dinheiro e Investing . com. No entanto, como renováveis não é muito o forte da ex-diretora da ANP que vendeu o bloco FZA-M-59, na foz do Amazonas, no qual a Petrobras quer perfurar um poço a qualquer custo, há de se observar como serão aplicados os US$ 11,5 bilhões previstos pela petroleira para “descarbonização”. As perspectivas não parecem boas.

Em tempo: O conselho de administração da Petrobras se reúne na próxima 6ª feira (24/5) para analisar o nome de Magda Chambriard para a presidência da empresa. A informação foi confirmada ao g1 pela presidente interina da petroleira, Clarice Coppeti. Magda já passou por todas as etapas formais de aprovação interna da companhia, que analisa potenciais conflitos de interesse e preparo para o cargo.

 

 

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ClimaInfo, 22 de maio de 2024.

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