Lula defende exploração petrolífera na Margem Equatorial, mas “respeitando o meio ambiente”

Lula exploração fóssil
Ricardo Stuckert / Presidência da Repúbilca

Em discurso para investidores, o presidente Lula defendeu a exploração de petróleo próximo da Amazônia como oportunidade econômica que o Brasil não pode “jogar fora”.

A ciranda de Lula com a exploração de petróleo na Margem Equatorial ganhou mais uma volta nesta 4a feira (12/6). Em discurso a investidores no Rio de Janeiro, o presidente defendeu a possibilidade do Brasil explorar as reservas petrolíferas na região, que inclui a foz do rio Amazonas, argumentando que ela pode viabilizar “um salto de qualidade extraordinária”.

“Na hora que começarmos a explorar a Margem Equatorial, vamos dar um salto de qualidade extraordinária. Queremos fazer tudo legalmente, respeitando o meio ambiente, mas não vamos desperdiçar nenhuma oportunidade de crescer”, afirmou Lula.

O presidente também brincou com participantes da Arábia Saudita presentes no evento, pontuando que a “nossa Petrobras está quase disputando com a [Saudi] Aramco”.

Em conversa rápida com jornalistas, Lula disse que quer fazer um “debate técnico” sobre a exploração de petróleo na Margem Equatorial, mas reiterou sua defesa da expansão da produção de combustíveis fósseis, sem “polemização”.

“Você tem petróleo em um lugar, a Guiana está explorando, Suriname e Trinidad e Tobago também estão, e você vai deixar o seu sem explorar? O que temos que fazer é garantir que a questão ambiental será levada 100% a sério”, disse o presidente, citado por O Globo.

A sinalização de Lula soou como música para os ouvidos dos defensores do projeto da Petrobras para explorar a foz do rio Amazonas, projeto barrado pelo IBAMA no ano passado por conta dos riscos ambientais atrelados ao empreendimento.

Os argumentos do presidente são frequentemente levantados pelo ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia), principal entusiasta do projeto, e pela nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard. A executiva também participou do evento no Rio com Lula, onde afirmou que a empresa atuará para “apoiar o desenvolvimento do país e o aumento do PIB”.

“Considerando a Petrobras, a ideia é de que possamos usar o poder dos recursos brasileiros investindo em um pacote, pensando na sociedade brasileira, e em liderar investimentos não só para a América do Sul, mas também para lugares pobres do Brasil”, afirmou a nova chefe da Petrobras, destacada pelo Estadão.

As duas falas partem de um pressuposto cada vez mais inviável – a de que a demanda por combustíveis fósseis seguirá em franco crescimento nas próximas décadas. Esse pressuposto ignora não apenas a gravidade da crise climática, mas a realidade do próprio setor de energia.

Como a Agência Internacional de Energia destacou em sua última análise, a expectativa é de que a demanda por energia fóssil atinja seu pico nos próximos cinco anos. A partir disso, a oferta de combustíveis fósseis pode ficar acima da demanda, o que provocaria uma derrubada dos preços e a perda de trilhões de dólares em investimentos “enterrados”. Ou seja, enquanto Lula e Magda sonham com a pujança de uma nova Arábia Saudita, eles podem acordar com um baita prejuízo econômico e climático como legado para o Brasil.

Agência Brasil, CNN Brasil, Correio Braziliense, Estadão, Folha, g1 e UOL, entre outros, destacaram as falas de Lula e Magda no Rio.

 

ClimaInfo, 13 de junho de 2024.

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