Um quarto do território brasileiro pegou fogo nos últimos 40 anos, aponta MapBiomas

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Joédson Alves/Agência Brasil

Segundo plataforma, mais de 199 milhões de hectares foram queimados pelo menos uma vez no Brasil entre 1985 e 2023, quase 25% do território nacional.

A alta observada atualmente na ocorrência de incêndios no Brasil não é um ponto fora da curva. Um levantamento divulgado nesta 3ª feira (18/6) pelo MapBiomas mostrou que, nas últimas quatro décadas, cerca de 1/4 do território nacional foi queimado ao menos uma vez, especialmente em áreas de vegetação nativa. Ao todo, 199,1 milhões de hectares registraram pelo menos um episódio de fogo entre 1985 e 2023.

De acordo com o MapBiomas, mais de 68% da área afetada por fogo no Brasil nesse período foi de vegetação nativa, com o restante ocorrendo em áreas antropizadas, como pastagens e lavouras. Quase metade (46%) da área queimada em todo o país se concentra em três estados – Mato Grosso, Pará e Maranhão – e 60% de toda a área queimada aconteceu em imóveis privados. 

O levantamento também estimou a área média anual atingida pelo fogo no Brasil – cerca de 18,3 milhões de hectares a cada ano, ou 22% do território nacional. Além disso, cerca de 65% da área afetada pelo fogo no país foi queimada mais de uma vez nas últimas quatro décadas, com o Cerrado como o bioma com a maior quantidade de área queimada recorrente.

Entre os biomas nacionais, Cerrado e Amazônia concentraram cerca de 86% da área queimada em todo o país no período. No Cerrado, 88,5 milhões de hectares registraram ao menos um episódio de fogo, representando 44% do total nacional. Já na Amazônia, a área queimada foi de 82,7 milhões de hectares (42% do total).

Por conta da diferença de tamanho dos dois biomas, a destruição proporcional no Cerrado foi muito maior – 44% de seu território, contra menos de 20% da Amazônia. Ainda assim, em termos proporcionais, nenhum bioma supera o Pantanal. Embora o bioma represente apenas 4,5% do total da área queimada em todo o país entre 1985 e 2023, a área do bioma afetada pelo fogo englobou 59,2% de sua extensão total.

O levantamento não conseguiu identificar a origem dos episódios de fogo em todos os biomas, mas para a coordenadora do MapBiomas Fogo e diretora do IPAM, Ane Alencar, é bastante provável que a maior parte dos incêndios não tenha origem natural, mas ocasionada pela ação humana. Isso porque 79% das ocorrências de área queimada foram registradas na estação seca, entre julho e outubro.

“A gente pode inferir que a grande maioria é incêndio causado ou iniciado pela atividade humana. Onde queima mais, Cerrado, Amazônia e, agora, infelizmente, no Cerrado, é período seco, período em que, provavelmente, é bastante difícil de acontecerem as descargas elétricas das tempestades”, explicou Alencar à Agência Brasil.

Os novos dados do MapBiomas sobre a ocorrência de fogo no Brasil também foram destacados por CartaCapital, Correio Braziliense, Estadão, Deutsche Welle, g1, O Globo, RFI, SBT e UOL, entre outros.

 

 

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ClimaInfo, 19 de junho de 2024.

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