Segundo relata a newsletter do China Dialogue, Xu Yuming, vice-diretor do comitê de especialistas da Associação de Energia Nuclear da China, revelou ao Economic Times que o país espera sancionar 10 usinas nucleares este ano. Duas dessas unidades começarão a ser construídas em junho. A onda de novas licenças de construção de centrais nucleares aparentemente finaliza o período de uma moratória de três anos, já que as últimas oito licenças foram concedidas em 2015.
No dia 1º de abril, Liu Hua, chefe da Administração Nacional de Segurança Nuclear da China, anunciou que o desenvolvimento da energia nuclear é “uma escolha essencial à medida que a China entra na era da energia limpa”. A capacidade nuclear da China atualmente está em 45,9 GW e o país tem como meta o crescimento de 58 GW até 2020, de acordo com o atual Plano Quinquenal. A construção de centrais de energia nuclear é extremamente cara, com uma média entre US$ 1,5 e US$ 3 bilhões. Em artigo publicado no blog Caixin, Lin Boqiang, diretor do Centro de Pesquisa em Energia e Economia da Universidade de Xiamen, observou que, embora seja mais caro do que a energia térmica, a nuclear tem “emissão” zero. A energia nuclear também poderia ajudar a fornecer energia limpa para a parte oriental do país, enquanto a maioria dos recursos solares e eólicos estão localizados no oeste da China, região de baixa densidade populacional, escreveu ele. No entanto, o leste da China também é a área mais populosa do país e a preocupação pública com a segurança é um problema.
Em tempo: não é verdade que a energia nuclear não emite carbono à atmosfera. Trabalhos recentes mostram que, mesmo sem contar as emissões provenientes da estocagem final dos resíduos por centenas e até milhares de anos, as usinas nucleares emitem, em média, o dobro de uma planta eólica de mesma capacidade. Cerca de 60% das emissões acontecem no ciclo de preparo do combustível; a operação emite cerca de 20%, e os 20% restantes estão embutidos nos cimento, aço e outros materiais usados na construção das usinas. Como o combustível gasto continua radioativo por mais de 1.000 anos, mantê-lo seguro e protegido consumirá energia e as emissões associadas a algo que dura tanto tempo são imensas. Esta conta raramente é feita.
ClimaInfo, 16 de abril de 2019.