
Para preservar a Amazônia, não basta zerar o desmatamento. É preciso banir os combustíveis fósseis. É o que diz a ciência.


É claro que essas estratégias de proteção à Amazônia envolvem parar de desmatar a floresta, algo declaradamente consensual entre a maioria dos atuais presidentes dos países amazônicos, mas…










A inércia dos países mais poluidores do planeta de assegurar o Acordo de Paris não deve ser seguida pelo Sul Global. Fazer de modo mais eficiente, ou igual, o que nem deveria ser feito não deve ser um de nossos objetivos. Pelo contrário, os governos pan-amazônicos podem liderar medidas de mitigação e adaptação climática para limitar o aquecimento global a 1,5oC, conforme o Acordo de Paris e serem protagonistas da transição energética justa.


Deixar de produzir petróleo e gás fóssil na Amazônia não significa sacrificar a vida das populações dos países da região, muito menos das comunidades locais diretamente atingidas pela atividade petrolífera. Pelo contrário.
Os danos causados pelo desmatamento na região não se limitam às perdas da biodiversidade e seus efeitos sobre o clima global. A derrubada da floresta também acarretará um custo econômico considerável para o Brasil, na casa dos US$ 317 bilhões por ano – cerca de R$ 1,8 trilhão.
Um outro estudo, desenvolvido pelo WRI Brasil em parceria com 76 especialistas de instituições científicas de diversas regiões do país, reforça que manter a floresta de pé é uma oportunidade de crescimento qualificado e inclusivo para a região amazônica. A “Nova Economia da Amazônia”, baseada na bioeconomia, agregaria US$ 40 bilhões por ano ao PIB da Amazônia Legal a partir de 2050, com mais de 800 mil empregos no setor de bioeconomia, desmatamento zero e restauração de 24 milhões de hectares de floresta. Sem falar em 94% menos emissões líquidas e estoque de carbono 19% maior.


Em alinhamento com a ciência, entidades, movimentos sociais e povos tradicionais, demandamos:
1
Os governos pan-amazônicos não devem mais subsidiar a produção de combustíveis fósseis ou ofertar novos blocos à exploração de petróleo na região, redirigindo os subsídios ao fomento da bioeconomia.
2
Garantir a participação e a tomada de decisões dos povos indígenas e quilombolas e das comunidades locais, ligadas a processos de consulta e consentimento prévios e em espaços de decisão com o Estado para outras questões relacionadas com o seu território.
3
Os Estados devem iniciar a transição para um novo modelo energético, que ao mesmo tempo proteja a biodiversidade da Amazônia, como parte dos compromissos do Acordo de Paris, considerando as particularidades de cada território e evitando novos impactos territoriais.
