Magda Chambriard defendeu interferência de Lula para liberar exploração de combustíveis fósseis na foz do Amazonas

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Montagem Meionews.com

Exploração da foz consta no plano de prioridades da Petrobras e Magda é entusiasta da ideia, tendo comandado venda do FZA-M-59 em leilão da ANP.

Explorar combustíveis fósseis na foz do Amazonas deve ser uma das missões prioritárias da nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, árdua defensora do empreendimento. Para atingir esse objetivo, Magda pediu ao presidente Lula que interfira no caso, informam Folha e Brasil 247.

Em evento no dia em que foi anunciada para a presidência da Petrobras, Magda disse que a petroleira [leia-se Jean Paul Prates, demitido no mesmo dia] estava “lutando pouco” pelo licenciamento da perfuração no bloco FZA-M-59, na foz, que foi negado pelo IBAMA. Foi em sua gestão como diretora-geral da ANP que o bloco foi arrematado em um leilão, por bp e Petrobras.

A exploração na foz é apenas uma das tarefas pró “combustíveis fósseis até a última gota” entre as prioridades de Magda. Outra, segundo a Folha, é a criação de um polo gás-químico em Uberaba (MG), base eleitoral do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. De político apagado a vencedor de embate na Petrobras com Prates, Silveira tem ambições políticas e conexões com o empresariado, relata o Valor.

Com Magda, a virada de chave da Petrobras de uma petroleira para uma empresa de energia é ainda menos provável do que na gestão de Prates. Marcus D’Elia, sócio da Leggio Consultoria, disse ao Valor que ela deve deixar investimentos em energia renovável em segundo plano. “Ela tem certa distância das renováveis, não foi uma atuação dela.” O planeta que espere.

Por isso, Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, e Alexandre Gaspari, do Instituto ClimaInfo, chamam atenção, em artigo no Capital Reset, para um ponto que o mercado financeiro não avaliou com Magda na Petrobras: o risco carbono. Não apenas para o futuro do planeta, diante das mudanças climáticas, mas para a própria existência da Petrobras.

“Poucos países têm o potencial do Brasil para produzir energia 100% renovável. Faz sentido tanto do ponto de vista econômico como ambiental. A postura da nova CEO inviabiliza isso. Ela já deixou claro que trabalhará para engessar a empresa em vultosos investimentos em infraestrutura de exploração e refino de combustíveis fósseis que podem não se pagar, com a projeção de queda da demanda – os stranded assets. Nenhum investidor deveria querer isso.”

Preocupação que é reiterada por Míriam Leitão n’O Globo: “A Petrobras está no centro do debate, de novo. E, como das outras vezes, não se discute o essencial. Qual o futuro de uma petrolífera num mundo em que a mudança climática já está cobrando uma conta alta do país em vidas humanas e em devastação material e econômica? Esse é o essencial, mas não é uma questão que tenha provocado a troca de Jean Paul Prates por Magda Chambriard”, destacou.

 

ClimaInfo, 21 de maio de 2024.

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