Políticas climáticas e ambientais da UE estão ameaçadas com vitórias da extrema direita no Parlamento Europeu

UE extrema-direita
Mika Baumeister/Unsplash

O qvanço da extrema-direita e a derrota de partidos verdes causam preocupação sobre o futuro dos planos climáticos da União Europeia e risco de retrocessos. 

A eleição para o Parlamento Europeu despejou um balde de água fria na cabeça de ativistas e defensores da ação climática na Europa. Mesmo com o predomínio de partidos centristas, que formarão a maioria dos integrantes do corpo legislativo da União Europeia, o avanço de grupos extremistas de direita causa apreensão sobre o futuro da política climática no continente.

O novo Parlamento terá uma maior representatividade de partidos de extrema-direita, muitos negacionistas da crise climática e críticos ácidos das medidas tomadas nos últimos anos pela UE para reforçar seus compromissos sob o Acordo de Paris. Ao mesmo tempo, os partidos verdes europeus tiveram um final de semana para ser esquecido, com derrotas dolorosas em países importantes do continente, como França e Alemanha. 

Para especialistas, o risco de retrocessos em medidas já tomadas, como o Green Deal Europeu, existe, mas é relativamente baixo. A principal ameaça da presença reforçada da extrema-direita no Parlamento Europeu está na definição de políticas futuras, especialmente aquelas que dizem respeito ao aumento da ambição climática por parte da UE. 

“Não penso que retrocederemos nas políticas [climáticas]. Mas penso que será mais complicado lançar novas políticas”, disse Bas Eickhout, chefe do grupo de parlamentares verdes do Parlamento Europeu, à Reuters. “É possível que uma nova ambição seja adiada, principalmente por razões populistas”, concordou Julian Popov, ex-ministro do meio ambiente da Bulgária.

“Apesar de muita atenção ser dada às conquistas da extrema-direita, a grande maioria dos europeus ainda votou em partidos do centro político”, destacou Vincent Hurkens, do thinktank E3G, ao Guardian. “Cabe à centro-direita, aos liberais e aos social-democratas [decidir] quanto poder e influência permitirão que a extrema-direita tenha sobre o futuro do Green Deal europeu”.

O primeiro teste deve acontecer ainda neste ano. Como todos os demais signatários do Acordo de Paris, a UE deverá apresentar até o começo de 2025 uma nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) com novas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa até 2040. Pelas regras da UE, a NDC europeia precisa ser aprovada pelo Parlamento, o que pode resultar no enfraquecimento de sua ambição.

“Infelizmente os partidos populistas ganharam demasiado terreno”, lamentou Laurence Tubiana, uma das principais negociadoras do Acordo de Paris, à Bloomberg. Para ela, apenas políticas mais justas, alinhadas às preocupações dos cidadãos, podem ajudar a UE a enfrentar a polarização. “Recuso-me a ceder ao fatalismo. Não será possível resolver a crise do custo de vida, a segurança ou a competitividade sem uma transição ecológica”.

 

ClimaInfo, 11 de junho de 2024.

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