Ofensiva de agricultores força recuo em regras ambientais na União Europeia

manifestações agricultores x União Europeia
Reprodução vídeo France24

Os agricultores se mobilizaram em diversos países europeus contra novas regras da UE que aumentavam a reserva legal de área natural protegida nas propriedades rurais.

Na queda de braço entre, os primeiros se saíram vitoriosos – ao menos, por enquanto. Depois de uma série de manifestações em diversos países europeus, com fazendeiros bloqueando estradas e sitiando cidades, a UE confirmou nesta 4ª feira (31/1) que vai adiar a implementação de novas políticas de conservação ambiental que ampliariam as áreas de reserva legal dentro das propriedades rurais do continente.

A medida faz parte das políticas do bloco europeu para ampliar a proteção da biodiversidade e a conservação do solo. De acordo com a nova regra, as propriedades rurais deveriam manter 4% de suas terras aráveis livres de produção. No entanto, para os produtores rurais, a iniciativa prejudicaria sua capacidade produtiva e abriria o mercado interno para produtores externos.

O vice-presidente da Comissão Europeia, Maroš Šefčovič, justificou o adiamento da regra como “uma ajuda” ao setor agrícola em um momento difícil. “Tivemos uma série de eventos meteorológicos extremos, secas e inundações em várias partes da Europa, e houve um claro efeito negativo na produção, nas receitas e, claro, na diminuição dos rendimentos dos agricultores”, afirmou, citado pelo Guardian.

Os protestos dos agricultores escalaram nesta semana. Na França, agricultores utilizaram caminhões e tratores para obstruir estradas e fechar os acessos a grandes centros urbanos, inclusive a região metropolitana de Paris. Na Alemanha, os produtores também foram à capital Berlim para pressionar as autoridades do país contra as novas regras. Manifestações também ocorreram na Bélgica, Itália e Espanha.

AFP, Associated Press, Euronews, Financial Times e Reuters também repercutiram a pressão dos agricultores europeus e o recuo da UE.

Em tempo: A eleição presidencial nos EUA é vista como um dos fatos mais relevantes da política climática global em 2024. Entretanto, a Bloomberg apontou para outra votação, do outro lado do Atlântico, como a decisão eleitoral que pode ter o maior impacto na resposta global à crise climática neste ano – as eleições para o Parlamento Europeu. O fortalecimento de partidos populistas e de extrema-direita, que podem ampliar suas cadeiras e ameaçar a divisão de forças dentro do Parlamento, representa a principal ameaça à política ambiental e climática da UE, vista por muitos como um termômetro da ambição dos países desenvolvidos.

 

ClimaInfo, 1º de fevereiro de 2024.

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