Bancos multilaterais ampliam recursos para financiamento climático

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Sergio Gonzales/BID

Dez bancos multilaterais anunciaram que pretendem aumentar em até US$ 400 bilhões sua capacidade de financiamento para a próxima década, com foco em desenvolvimento sustentável.

Um grupo de dez bancos multilaterais, que inclui o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) do BRICS, apresentou no último sábado (20/4), em Washington (EUA), um compromisso para aumentar sua capacidade de financiamento. De acordo com o grupo, a capacidade de financiamento deverá ser ampliada para até US$ 400 bilhões na próxima década.

Esses recursos adicionais serão destinados, prioritariamente, a projetos de mitigação e adaptação climática nos países em desenvolvimento. Os bancos de desenvolvimento também se comprometeram a ampliar o uso de instrumentos financeiros inovadores para aumentar sua capacidade de empréstimos, como instrumentos híbridos de capital e de transferência de risco e a canalização de direitos de saque especial do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Além disso, as instituições concordaram em avançar na estruturação de estratégias e políticas comuns de financiamento. “De forma pioneira, decidimos aprofundar nossa colaboração e vamos trabalhar como um sistema”, afirmou o brasileiro Ilan Goldfajn, presidente do BID, citado pelo Valor.

A movimentação dos bancos multilaterais de desenvolvimento vai no mesmo sentido defendido pelo Brasil na presidência do G20 neste ano, como destacou a Folha. O governo brasileiro definiu a reforma da arquitetura financeira internacional como uma de suas prioridades na liderança do grupo das maiores economias do mundo. Estadão, O Globo e Poder360, entre outros, também abordaram essa notícia.

Ainda sobre financiamento climático, o Valor destacou em seu caderno especial sobre clima o aumento dos fluxos financeiros para projetos de mitigação e adaptação no contexto internacional. De acordo com dados do Climate Policy Initiative (CPI), os recursos públicos e privados destinados à ação climática mais que triplicaram na última década, chegando a US$ 1,3 trilhão entre 2021 e 2022.

Mesmo com esse crescimento, o montante de financiamento destinado ao clima ainda é pequeno em comparação às necessidades efetivas dos países, em especial daqueles mais pobres e vulneráveis. Além disso, as condições de financiamento ainda prendem os governos ao fantasma da dívida externa.

“Apenas o aumento do capital dos bancos multilaterais não será suficiente se eles não puderem usar esse capital para tomar risco que o setor privado não tomaria. Não é só ter mais recursos, mas a forma como se está oferecendo instrumentos financeiros”, explicou Maria Netto, diretora-executiva do Instituto Clima e Sociedade (iCS). “Eles [bancos] continuam emprestando em condições tradicionais”.

 

 

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ClimaInfo, 23 de abril de 2024.

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