Recuperação após a seca desacelera em 1/3 da Floresta Amazônica e compromete a resiliência do bioma 

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Rodrigo Cabral (MCTI)

Estudo sugere que a Amazônia está perdendo resiliência em meio a secas mais frequentes, o que aproxima o bioma de um “ponto de não retorno”. 

A intensificação das secas na Amazônia está enfraquecendo a maior floresta tropical do planeta. Essa é a conclusão de um novo estudo publicado nesta semana pela revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), que analisou os reflexos da sucessão de fortes secas nas últimas décadas no bioma.

A pesquisa examinou imagens de satélite de 2001 a 2019, acompanhando a evolução da vegetação mês a mês, de forma a analisar como a frequência, intensidade ou duração das secas contribuíram para a perda de estabilidade da vegetação amazônica.

O estudo descobriu que 37% da vegetação madura nas áreas analisadas apresentavam uma tendência de desaceleração na recuperação pós-seca. Uma das regiões mais afetadas é o sudeste da Amazônia, área altamente desmatada e degradada, que ficou mais vulnerável a um “evento de inflexão” – ou seja, um declínio calamitoso da floresta tropical para um estado diferente e mais seco.

Esse enfraquecimento pode estar diretamente relacionado ao aumento da frequência de fortes secas na região amazônica. Segundo a análise, somente nas últimas duas décadas, o bioma experimentou quatro episódios de secas cuja probabilidade era de uma vez a cada 100 anos. Com os períodos de seca intensa mais frequentes, a recuperação da floresta nas estações chuvosas tem sido limitada.

O estudo afirmou que a desaceleração da taxa de recuperação da floresta pode ser um “indicativo precoce” do colapso ecossistêmico da Amazônia. Os autores também alertaram que a situação pode ser ainda pior, já que a análise de imagens de satélite fica limitada às copas das árvores, sem considerar o que está acontecendo abaixo delas.

“As árvores são a última parte do ecossistema a apresentar pontos de inflexão porque têm o ciclo de vida mais longo e são mais capazes de sobreviver. Se já estamos vendo um ponto de inflexão se aproximando no nível macroflorestal, então deve estar piorando no nível micro”, explicou Johanna van Passel, principal autora do estudo e pesquisadora da Katholieke Universiteit Leuven, (Bélgica), ao Guardian.

A Revista Fórum também abordou os principais pontos do estudo.

Em tempo: A queda do desmatamento na Amazônia não está sendo acompanhada pelos índices de degradação florestal. Um levantamento do IMAZON, com base em imagens de satélite do sistema SAD, mostrou que a área acumulada de floresta degradada na Amazônia entre janeiro e abril foi a maior para o período em pelo menos 15 anos – 2.846 km2. O aumento da área degradada é resultado das queimadas em Roraima, que sozinho representa 99% do total da Amazônia Legal. g1 e ((o)) eco deram mais informações.

 

 

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ClimaInfo, 22 de maio de 2024.

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