Emissões de óxido nitroso crescem 40% e ameaçam metas climáticas

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The Global Carbon Project

Fertilizantes nitrogenados, esterco e outras fontes agrícolas impulsionaram quase 3/4 das emissões do gás, 300 vezes pior que CO2, causadas por humanos nos últimos anos.

O óxido nitroso (N2O) é um gás de efeito estufa significativo. Embora haja menos N2O do que CO2 na atmosfera, ele é 300 vezes mais potente no aquecimento do planeta e permanece retendo calor por cerca de 120 anos. E assim como o dióxido de carbono e o metano, que completa essa “trindade da estufa”, seus níveis só fazem crescer por causa das atividades humanas – no caso do óxido nitroso, sobretudo por causa das atividades agropecuárias.

A pesquisa “Global Nitrous Oxide Budget”, de um grupo de cientistas que integram o Global Carbon Project, publicada na Earth System Science Data, revela que as emissões de N2O provenientes de atividades humanas aumentaram 40% nas últimas quatro décadas, em parte impulsionadas pela crescente demanda global por carne e laticínios. Fertilizantes nitrogenados, esterco e outras fontes agrícolas impulsionaram quase três quartos dessas emissões nos últimos anos, detalha o Carbon Brief. Como resultado, os níveis de óxido nitroso na atmosfera aumentaram a 336 partes por bilhão em 2022 – um avanço de 25% na comparação com os níveis pré-industriais, informam Exame, IstoÉ, Folha de Pernambuco, GZH, MSN, ABC e phys.org.

“É mais do que um problema climático. O N2O também destrói a camada de ozônio, que protege os seres humanos da radiação solar nociva. Além disso, o escoamento de nitrogênio dos campos polui os cursos d’água, aumentando as proliferações de algas nocivas e criando zonas mortas com deficiência de oxigênio”, destacaram em artigo no The Conversation Hanqin Tian, Eric Davidson, Pep Canadell e Rona Louise Thompson, quatro dos autores do estudo.

O aumento do N2O na atmosfera foi superior às projeções do IPCC, destacou o estudo. “Reduzir as emissões de óxido nitroso é a única solução [para limitar o aquecimento a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, como determinado pelo Acordo de Paris] porque até agora não existem tecnologias que possam removê-lo da atmosfera”, afirmou Hanqin Tian.

Em tempo: Os governos precisam aumentar o reflorestamento e implantar tecnologias para quadruplicar a quantidade de dióxido de carbono removida da atmosfera a cada ano para cumprir as metas climáticas globais, aponta o estudo “The State of Carbon Dioxide Removal”, repercutido por Reuters, France24, Carbon Brief, Business Green e phys . org. A remoção de CO2 (CDR, sigla em Inglês) refere-se a uma variedade de intervenções que sequestram o gás carbônico presente no ar. Isso inclui métodos convencionais, como o reflorestamento, e soluções em larga escala, como o cultivo de algas nos oceanos e o uso de filtros que capturam CO2 atmosférico. Atualmente, a CDR remove cerca de 2 bilhões de toneladas métricas de CO2 da atmosfera a cada ano, mas precisa aumentar para cerca de 7-9 bilhões de toneladas se quisermos limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC.

 

 

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ClimaInfo, 14 de junho de 2024.

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