Promessa do G7 de acelerar eliminação dos combustíveis fósseis não convence

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Para organizações ambientais, discurso impresso no documento final das nações com mais recursos financeiros para impulsionar a transformação econômica rumo à descarbonização deixou a desejar.

“No momento em que o mundo precisava de uma liderança ousada por parte deles, a reunião dos líderes não acrescentou valor algum.”

A avaliação da vice-Presidente da Global Citizen, Friederike Roder, destacada pela Reuters, sobre o documento final do G7, grupo que reúne as nações mais ricas do planeta e cuja reunião de líderes na Itália terminou na 6ª feira (14/6), dá a tônica do que o encontro trouxe para o combate às mudanças climáticas. O grupo se eximiu de assumir compromissos efetivos com a eliminação dos combustíveis fósseis, cuja queima é a principal causa da crise climática.

“Faremos a transição dos combustíveis fósseis nos sistemas de energia de maneira justa, ordenada e equitativa, acelerando as ações nesta década crítica, para alcançar a neutralidade de carbono até 2050, de acordo com a melhor ciência disponível”, diz o comunicado final da cúpula, informam epbr e Público.

O documento, de 36 páginas, dedicou cerca de cinco delas ao tópico “Energia, Clima e Meio Ambiente”, com foco em saudar os compromissos feitos durante a COP28. Os líderes ratificaram a promessa de seus ministros do meio ambiente feita em abril passado “de eliminar gradualmente a geração de energia a carvão sem mitigação em nossos sistemas energéticos durante a primeira metade da década de 2030”, mas com alguma flexibilidade.

Assim, permitiram que os países se comprometessem a eliminar gradualmente “em um cronograma consistente com a manutenção do limite de aumento de temperatura de 1,5°C ao alcance, em linha com os caminhos de emissões líquidas zero dos países”. E abriram espaço para o gás fóssil, o que se adapta às necessidades da Alemanha e do Japão.

Diante da linguagem dúbia e imprecisa, os ativistas ambientais e climáticos se mostraram críticos e céticos, destaca o DW. “Os líderes do G7 poderiam ter ficado em casa. Nenhum novo compromisso foi feito,” reforçou Roder.  

A especialista em políticas climáticas do Greenpeace, Tracy Carty, também foi crítica: “Para manter a temperatura abaixo de 1,5°C, o plano do G7 para eliminar o carvão é simplesmente muito pouco, muito tarde, e o gás não é barato nem uma ponte para um clima seguro,” disse.

Líder de finanças públicas da Oil Change International, Bronwen Tucker reforçou a decepção com os líderes do G7 “nos 12 meses consecutivos mais quentes da história registrada pela humanidade. Os países do G7 estão adotando uma data inadequada para eliminar o carvão e endossando o aumento da produção de gás fóssil, enviando um sinal terrível em um momento em que os países deveriam estar focados em acelerar a eliminação, não em atrasá-la”, explicou.

Agência Brasil e InfoMoney também repercutiram o documento final do G7.

 

ClimaInfo, 17 de junho de 2024.

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