Protocolo define compromissos ambientais para a pecuária no Cerrado

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Wenderson Araujo/Trilux

Frigoríficos e varejistas firmam acordo de boas práticas na compra de gado do Cerrado, com regras antidesmatamento e de combate ao trabalho análogo à escravidão.

O Imaflora divulgou na última 3ª feira (23/4) um novo compromisso voluntário de frigoríficos e grupos varejistas para coibir a comercialização de gado criado em condições de ilegalidade trabalhista ou ambiental no Cerrado. O Protocolo de Monitoramento Voluntário de Fornecedores de Gado, que vinha sendo negociado desde 2020, estabelece um conjunto de regras para orientar a gestão de fornecedores diretos de gado do bioma.

A proposta elenca 11 critérios e gera uma base comum de conformidade socioambiental para os criadores, servindo assim como um guia para a produção e a compra responsável de gado do Cerrado. Informações sobre conformidade com o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e eventuais sobreposições com áreas de proteção (como Terras Indígenas e Unidades de Conservação) servem como referencial de conformidade.

O Protocolo também prevê o cruzamento com listas públicas de trabalho escravo e de embargos ambientais, além de análises da Guia de Trânsito Animal (GTA) e da produtividade do criador, como forma de inibir a triangulação de animais provenientes de áreas com irregularidades ambientais ou sociais.

A discussão em torno do Protocolo do Cerrado contou com o envolvimento de entidades como WWF-Brasil, representantes do setor pecuário, indústria alimentícia e empresas compradoras, além do Ministério Público Federal (MPF) e da sociedade civil organizada. Entre as empresas que aderiram ao Protocolo, estão JBS, Minerva, Marfrig, Grupo Pão de Açúcar, Carrefour Brasil e Arcos Dourados.

“O Protocolo do Cerrado é uma importante ferramenta para o setor se preparar para as crescentes demandas do mercado para a carne brasileira”, afirmou Isabella Freire, diretora executiva da Proforest, organização que coordenou a elaboração do compromisso junto com o Imaflora e a National Wildlife Federation (NWF). “Nosso intuito é que tenha adesão crescente das empresas da cadeia pecuária, promovendo mudanças nas práticas do setor nesse bioma específico e até no país.”

O anúncio do Protocolo do Cerrado acontece em um momento delicado do bioma. O último levantamento anual do desmatamento, estimado pelo sistema Prodes Cerrado (INPE) em novembro passado, indicou uma perda de 11.011 km2 de vegetação nativa entre agosto de 2022 e julho de 2023, um aumento de 3% em relação ao período anual anterior. O ritmo de destruição ambiental segue intenso em 2024: de acordo com o DETER (INPE), cerca de 1,4 mil km2 foram desmatados nos primeiros três meses do ano, um crescimento de 4% na comparação com o mesmo período em 2023. 

A apresentação do Protocolo do Cerrado foi destaque na Capital Reset, Folha, Forbes, InfoMoney, g1 e O Globo, entre outros.

 

 

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ClimaInfo, 25 de abril de 2024.

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