ClimaInfo, 19 de julho 2018

19 de julho de 2018

ROTA 2030: CONGRESSO QUER AUMENTAR SUBSÍDIOS SEM AUMENTO DE CONTRAPARTIDAS

A MP do Rota 2030 foi enviada ao congresso no último dia 5/7, depois de um longo embate entre, de um lado, o pessoal da indústria e o MDIC (ministério da indústria) e, de outro, o pessoal da Fazenda. Estes últimos lutaram para não comprometer a arrecadação por meio da isenção de impostos, enquanto os primeiros queriam justamente mais subsídios. No final, chegou-se a uma solução de compromisso, mais ou menos no meio do caminho. Mas o trâmite no congresso atraiu emendas que, se aprovadas, aumentarão bastante as perdas da Receita. As 81 emendas propostas tiram dos cofres da União algo próximo a R$ 1,5 bilhão por ano. Entre extensões de prazos e elevação de créditos às montadoras, apareceu até uma que beneficia familiares do senador Acir Gurgacz (PDT-RJ).

Em troca dos subsídios, as montadoras prometem avanços em termos de segurança, redução do consumo de combustível e dos índices de poluição. Por exemplo, até 2023, carros novos terão que consumir 11% menos. Até 2022, todos os carros novos deverão ser equipados com controles de estabilidade e tração. E os híbridos e elétricos puros terão isenção ainda maior de impostos.

https://www.valor.com.br/brasil/5666749/emendas-desfiguram-e-encarecem-rota-2030#

https://jornaldocarro.estadao.com.br/carros/o-que-mudara-carro-rota-2030/

 

AS EMISSÕES CRESCENTES DA INDÚSTRIA DO BOI

Na CoP climática do ano passado, o Instituto de Política Agrícola e Comercial (IATP) e a Grain publicaram estimativas das emissões associadas à indústria da carne e do leite. As estimativas mostravam que os cinco maiores conglomerados globais deste indústria, liderados pela JBS, emitem mais gases de efeito estufa do que as decorrentes das operações de uma petroleira como a Exxon ou a Shell. Ontem, foi publicado o relatório completo mostrando que, a seguir a tendência atual de aumento de consumo de carne no mundo, o setor sozinho praticamente inviabiliza a meta de segurar o aquecimento global abaixo de 1,5oC até 2050. O trabalho também enfatiza a falta de transparência do setor. A maior parte das emissões do setor vem da criação do rebanho, mas, nos inventários de emissões das 35 maiores corporações, só 6 incluem parte da cadeia de suprimentos. Assim como as petroleiras não respondem pelas emissões da queima dos seus produtos, o setor da carne não se responsabiliza pelas emissões da criação da sua matéria prima. Para O Globo, a gerente da iniciativa de clima e agropecuária do Imaflora, Marina Piatto, disse que o impacto do setor ainda é pouco conhecido pela maioria da população e ressaltou que o trabalho a ser feito envolve a indústria e o setor público no sentido de “promover a regularização fundiária e oferecer assistência técnica e tecnologia para melhorar a produção agropecuária”.

https://oglobo.globo.com/sociedade/empresas-de-carne-laticinios-poluem-mais-do-que-petroliferas-22896955

https://www.independent.co.uk/environment/meat-dairy-industry-greenhouse-gas-emissions-fossil-fuels-oil-pollution-iatp-grain-a8451871.html

https://www.euractiv.fr/section/climat/news/le-lait-et-la-viande-seront-les-plus-grands-pollueurs-dici-2050/

 

AR DE SÃO PAULO NÃO FICA TÃO SECO DESDE 2000

Não chove decentemente em São Paulo já há dois meses, a temperatura do inverno está alta e o ar muito seco. A última vez que isto aconteceu, segundo o Climatempo, foi no ano 2000. A previsão é que a massa de ar quente fique sobre a região até o final do mês. Enquanto isso é preocupante o nível do sistema Cantareira, pouco acima de 40%. A soma dos demais sistemas de abastecimento da capital paulista está por volta de 60% da capacidade.

https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,secura-nao-vista-desde-2000-poe-sp-em-atencao,70002405693

http://www.apolo11.com/reservatorios.php

 

FALTA BOM SENSO AO PROJETO DE LEI DOS AGROTÓXICOS

Para Suely Araújo e Fábio Feldmann falta um boa dose de bom senso no projeto de lei dos agrotóxicos. A justificativa do projeto usada pelo relator Luiz Nishimura e porta-vozes da bancada ruralista diz que o processo atual de registro de moléculas novas é extremamente moroso e que a lei que o regula é muito antiga; como consequência, a agricultura brasileira não se beneficia das novas e mais eficientes moléculas. Para Araújo e Feldmann, a idade de uma lei não compromete sua atualidade, posto que existem leis ainda mais velhas que continuam funcionando muito bem (e algumas novas que não funcionam). E, se o processo de registro é lento – o que é discutível-, deve-se agilizá-lo, por exemplo, aumentando o corpo técnico responsável por meio de concursos públicos, já que leis não são necessariamente o melhor instrumento para o aumento da eficiência da gestão pública. Suely Araújo é a atual presidente do Ibama e o advogado Fábio Feldmann foi Secretário do Meio Ambiente de São Paulo e deputado constitucionalista.

https://www.valor.com.br/opiniao/5666555/pressao-por-uma-nova-lei-dos-agrotoxicos

 

A ROTA DA DESCARBONIZAÇÃO DA COSTA RICA

O recém-eleito presidente da Costa Rica prometeu descarbonizar a economia do país, reduzindo o consumo de fósseis. Recentemente, o ministro do meio ambiente e energia esclareceu não ter “planos para banir os combustíveis fósseis, mas, por meio de novas políticas e incentivos, ir se desfazendo deles de tal modo que, ao final do caminho, eles se tornem inúteis”. A descarbonização pretendida conta com um certo consumo de fósseis, cujas emissões deverão ser compensadas pelo plantio de florestas e melhorias no manejo do solo.

Como para todos os países, o desafio da descarbonização da Costa Rica não é pequeno: ⅔ das emissões vêm do transporte, um dos setores mais difíceis de descarbonizar, e os elevados preços dos veículos elétricos são identificados como o principal obstáculo à sua maior penetração no mercado. Para reduzir os preços, a Costa Rica está reduzindo os impostos sobre os veículos elétricos. Entretanto, 22% da receita do país vêm de impostos sobre os combustíveis fósseis, principalmente os usados no transporte. Ou seja, a mudança do mercado para veículos mais limpos pode reduzir a arrecadação do governo, contribuindo ainda mais para o crescente déficit nas contas governamentais.

https://www.vox.com/energy-and-environment/2018/7/17/17568190/costa-rica-renewable-energy-fossil-fuels-transportation

 

AS CIDADES MAIS INTELIGENTES E SUSTENTÁVEIS DO MUNDO EM 2018

Pelo segundo ano consecutivo, Nova York é considerada a cidade mais inteligente do mundo pelo IESE Cities in Motion Index. Londres e Paris também mantiveram suas posições, logo na sequência. Completando as 10 melhores, seguem Tóquio, Reykjavik, Cingapura, Seul, Toronto, Hong Kong e Amsterdã. No ranking das 165 cidades avaliadas encontram-se seis brasileiras: Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. A melhor colocada destas é São Paulo, mas no 116º lugar.
O índice analisa nove dimensões consideradas fundamentais para uma cidade inteligente e sustentável: capital humano (desenvolvimento, atração e promoção de talentos), coesão social (consenso entre os diferentes atores sociais), economia, meio ambiente, governança, planejamento urbano, alcance internacional, tecnologia, mobilidade e transporte (facilidade de locomoção e acesso a serviços públicos).

https://www.forbes.com/sites/iese/2018/07/13/the-smartest-cities-in-the-world-in-2018/#574d68052efc

 

O MUNDO ANDA EXCITADO COM OS VEÍCULOS ELÉTRICOS

Alguns críticos atribuem o crescimento do mercado global de veículos elétricos aos subsídios dados por alguns  governos, mas informações da Agência Internacional de Energia mostram que o gasto particular com os veículos elétricos está crescendo mais rapidamente do que os gastos governamentais. Por trás do crescimento do mercado está o desenvolvimento de baterias cada vez mais baratas e de maior capacidade, o que barateia os veículos e aumenta a autonomia destes entre recargas. A China já conta com 39 plantas montadoras de veículos elétricos e outras 8 a caminho, mais do que as 27 que operam hoje nos EUA, Japão e União Europeia juntas. Todas estas fábricas podem produzir 16 milhões de carros por ano. A Bloomberg estima que as vendas de veículos elétricos devem chegar a 4,5 milhões já em 2022.

E os veículos elétricos estão se espalhando entre as montadoras tradicionais: a BMW acaba de obter o direito de compra de uma participação acionária da CATL, a empresa chinesa que é a maior fabricante de baterias do mundo. No ano passado, a CATL vendeu baterias com capacidade equivalente a 12 GWh, principalmente na China, onde detém 30% do mercado. A se concretizar a compra das ações, a BMW será a primeira montadora estrangeira a investir na fabricante chinesa de baterias.

https://www.valor.com.br/empresas/5666677/bmw-ganha-direito-de-comprar-fatia-na-catl-lider-em-baterias https://www.bloomberg.com/news/articles/2018-07-17/china-beats-world-on-ev-plants

https://qz.com/1329712/why-the-world-is-so-excited-about-electric-cars-in-charts/

 

ACORDO DE LIVRE COMÉRCIO ENTRE A UNIÃO EUROPEIA E JAPÃO REFORÇA ACORDO DE PARIS

A União Europeia e o Japão assinaram um acordo criando a maior área de livre comércio do mundo com uma cláusula sobre o Acordo de Paris. O entendimento comum é de que o comércio pode dar uma contribuição positiva na luta para conter o aquecimento global. A União Europeia reforçou sua intenção de não assinar tratados comerciais com países que não tenham ratificado o Acordo de Paris. Por outro lado, os críticos apontaram a falta de detalhes quanto à proteção climática no acordo comercial.

http://www.climatechangenews.com/2018/07/17/eu-japan-trade-deal-first-carry-paris-climate-clause/

 

NO SUL DA ÁSIA, O CALOR ESTÁ FICANDO INSUPORTÁVEL – LITERALMENTE

O número de atendimentos em prontos-socorros durante as ondas de calor está alarmando os sistemas de saúde da Índia, do Paquistão e de Bangladesh. A continuar piorando até o final do século, nas grandes cidades da região, morreria quase todo mundo exposto ao calor por mais de seis horas. Em 2010, em Ahmedabad, na Índia, a temperatura chegou a 48oC aumentando a mortalidade em 43%, quando comparada ao mesmo período de anos anteriores. O Banco Mundial estima que a qualidade de vida de mais de  800 milhões de pessoas deve piorar. Rohit Magotra, da Integrated Research for Action and Development, diz que um dos problemas é a falta de informação: “Não se notifica o calor ou se notifica pouco. Todos acham que é normal. O calor é um assassino silencioso”. Em alguns lugares, começam a aparecer iniciativas para mitigar o problema. Na própria Ahmedabad, o governo ajuda pessoas a pintarem paredes e telhados de branco para minorar o calor dentro de edificações. Algumas cidades estão plantando árvores ou obrigando construtoras a repor as árvores que cortam.

https://www.nytimes.com/2018/07/17/climate/india-heat-wave-summer.html

 

INCÊNDIOS FLORESTAIS NO NORTE DA SUÉCIA

O calor e a seca que atingem o Ártico estão transformando as florestas nórdicas em caixas de fósforos daquelas antigas, sem segurança. Na Suécia, ontem, aconteciam simultaneamente 11 incêndios florestais de grande proporção, o que levou o país a pedir ajuda à União Europeia. Quatro comunidades foram evacuadas e foi solicitado a cerca de 10 mil pessoas que mantivessem as janelas fechadas para evitar a entrada da fumaça. No ano passado, incêndios florestais atingiram países já acostumados com este tipo de evento, mas não com a intensidade mortal que alcançaram. Agora, os incêndios florestais estão se espalhando para áreas geralmente mais frias e mais úmidas. Nestas, dado o grande acúmulo de carbono, quando passa uma onda quente e seca, qualquer faísca pode provocar um incêndio de grandes proporções.

https://www.theguardian.com/world/2018/jul/18/sweden-calls-for-help-as-arctic-circle-hit-by-wildfires

 

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