Eventos extremos

Eventos climáticos extremos são fenômenos meteorológicos que ocorrem fora do padrão usual em termos de intensidade, duração ou frequência, e que podem causar impactos significativos na sociedade, na economia e no meio ambiente. Esses eventos são geralmente associados às mudanças climáticas e incluem fenômenos como:

  • Tempestades severas: furacões, ciclones (inclusive os ciclones bomba), tornados e tempestades de neve intensas, caracterizadas por ventos fortes e grandes volumes de precipitação.
  • Ondas de calor: períodos prolongados de temperaturas muito acima da média, podendo causar estresse térmico, afetar a saúde humana e a biodiversidade e aumentar a demanda por eletricidade.
  • Secas: estiagens prolongadas que resultam em escassez de água, queimadas e incêndios que impactam a vida das pessoas, a agricultura, a geração de eletricidade, os recursos hídricos e a biodiversidade.
  • Inundações: excesso de precipitação que leva a enchentes repentinas, afetando comunidades, infraestruturas, indústria, comércio e serviços e ecossistemas.
  • Eventos de gelo: Acúmulo significativo de gelo devido a condições meteorológicas adversas, afetando o transporte, a energia e a segurança da população.

À medida que o clima da Terra muda, mais e mais eventos extremos acontecem em todo o planeta. Ondas de calor sem precedentes em terra e no oceano, chuvas torrenciais, inundações severas, secas que duram anos, incêndios florestais extremos e furacões estão se tornando mais frequentes e mais intensos.

Desde a Revolução Industrial, a queima de combustíveis fósseis, o desmatamento e a pecuária extensiva têm causado um rápido aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera. O aumento das concentrações de dióxido de carbono (CO2), metano e outros gases-estufa retém calor e aquece o planeta. Em resposta, as temperaturas do ar e dos oceanos da Terra se elevam. Este aquecimento afeta o ciclo da água, altera padrões climáticos e derrete o gelo em terra e no mar – todos impactos que podem intensificar-se com o clima extremo.

A relação entre o aumento das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera e o aumento da frequência e da intensidade de eventos climáticos extremos foi demonstrada pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) em várias publicações, como a do Sexto Relatório de Avaliação, divulgado em 2021 (AR6). A ciência climática afirma que a frequência e a intensidade desses eventos climáticos extremos aumentarão quanto mais o planeta se aquecer.

Nos últimos anos, diversos eventos climáticos extremos têm ocorrido em diferentes partes do mundo, refletindo a crescente influência das mudanças climáticas. Alguns dos principais eventos incluem:

Furacões e tempestades tropicais:

  • Furacão Beryl (2024), no Atlântico Norte, inicialmente no Caribe, o primeiro a atingir categoria 5 (a mais alta) tão cedo no ano.
  • Ciclone Freddy (2023), surgido na costa da Austrália, deslocou-se por todo o Oceano Índico até devastar o sudeste da África por duas vezes.
  • Furacão Dorian (2019), nas Bahamas e na costa leste dos EUA.
  • Furacão Irma (2017), no Caribe e no sudeste dos EUA.
  • Furacão Maria (2017), que devastou Porto Rico.
  • Ciclone Idai (2019), que atingiu Moçambique, Zimbábue e Maláui.

Ondas de calor:

  • Ondas de calor extremas em diversas partes do Brasil, com temperaturas recordes em várias regiões, na primavera de 2023, verão 2023/2024 e outono de 2024.
  • Onda de calor na Europa (2003 – mais de 15 mil mortes na França e mais de 5 mil em outros países europeu)
  • Onda de calor na América do Norte (2023), com a cidade de Phoenix, no Arizona, sendo a 1ª dos EUA a registrar mais de 30 dias seguidos de máximas acima de 43ºC.
  • Onda de calor na Europa (2019), com temperaturas recordes em várias partes do continente.
  • Onda de calor na América do Norte (2021), especialmente no noroeste dos EUA e oeste do Canadá, onde foram registradas temperaturas extremamente altas.

Incêndios florestais:

  • Incêndios na Amazônia (2019 e 2020), que chamaram a atenção global devido à sua extensão e impacto sobre a biodiversidade e comunidades locais.
  • Queimadas no Pantanal atingindo 4 milhões de hectares (2020)
  • Incêndios Florestais na Espanha e em Portugal (2017)
  • Incêndios na Austrália (2019-2020), particularmente intensos e destrutivos.
  • Incêndios na Califórnia (anos recentes), com grandes áreas afetadas.
  • Incêndios florestais no sul da Europa (2023), particularmente na Grécia e na Itália.

Inundações e precipitações extremas:

  • Inundações no Rio Grande do Sul (2023 e 2024), afetando 471 dos 497 municípios do estado, deslocando 615 mil pessoas de suas casas e matando 178 pessoas até 24 de junho, com 34 ainda desaparecidas.
  • Inundações em São Paulo (2020), especialmente na região metropolitana e no interior do estado, devido a chuvas intensas e aumento do nível dos rios.
  • Inundações no Rio de Janeiro (2020 e 2023), que afetaram várias áreas da cidade e da região metropolitana devido a fortes chuvas.
  • Inundações e deslizamentos de morros e encostas na região Serrana do Rio de Janeiro, com mais de 1.000 mortos em 2011 e mais de 240 mortos em 2022.
  • Inundações no Paquistão (2015), com 2 mil mortes e 30% do país alagado.
  • Inundações na Alemanha, Bélgica e Países Baixos (2021), que causaram grandes danos e perdas de vidas.
  • Inundações na China (anos recentes), especialmente na região do rio Yangtze.

Secas:

  • Seca severa no Nordeste brasileiro, afetando principalmente os estados do Ceará, Bahia, Piauí e Paraíba; a região já é naturalmente vulnerável a períodos de seca, que foram exacerbados por mudanças climáticas.
  • Seca severa na Amazônia (2023), afetando praticamente todos os estados e afetando 600 mil pessoas somente no Amazonas.
  • Seca na região oeste dos EUA (em curso), afetando severamente a disponibilidade de água e a agricultura.
  • Seca prolongada na África Austral (em curso), exacerbando a insegurança alimentar e provocando o deslocamente de milhares de pessoas.

Tempestades e granizo:

  • Tempestades severas no Sul do Brasil, com incidência de granizo e ventos fortes, que ocasionalmente causam danos significativos à agricultura e à infraestrutura.

A lista evidencia os desafios crescentes que as sociedades enfrentam devido às mudanças climáticas es seus impactos diretos a comunidades e ecossistemas. E também comprova  a vulnerabilidade do Brasil às mudanças climáticas e a necessidade de políticas públicas eficazes para mitigação e adaptação aos impactos climáticos.

As diferentes regiões brasileiras enfrentam desafios específicos, desde secas prolongadas até eventos de chuvas intensas e inundações, o que exige respostas adequadas tanto em termos de prevenção de desastres quanto de desenvolvimento sustentável.

 

Mas secas, inundações, calor e frio sempre ocorreram. Como é possível saber se um evento extremo foi provocado pelas mudanças climáticas? 

Os cientistas usam uma combinação de modelos climáticos (simulações) e observações baseadas em terra, ar, mar e espaço para pesquisar como os eventos climáticos extremos mudam ao longo do tempo.

Primeiro, examinam registros históricos para determinar a frequência e a intensidade de eventos passados. Muitos desses registros de longo prazo remontam aos anos 1950, embora alguns datem do século XIX.

Em seguida, os cientistas usam modelos climáticos para verificar se o número ou a intensidade desses eventos está mudando, ou mudará, devido ao aumento dos gases de efeito estufa em comparação ao que aconteceu historicamente.

Essa análise, profunda e baseada em milhares de dados e informações, indica a correlação entre eventos climáticos extremos registrados em qualquer parte do planeta e as mudanças climáticas.

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