ClimaInfo, 28 de janeiro de 2019

28 de janeiro de 2019

O desastre ambiental de Brumadinho coloca em xeque as políticas ambientais dos governos

O rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG) foi manchete no mundo todo. A contagem dos mortos está em 58 e subindo. Mais de 300 ainda estão desaparecidos. O governo bloqueou bilhões na conta da empresa e aplicou uma série de multas que passam de R$ 250 milhões. Receber o dinheiro pode virar outra novela, como a da Samarco, que consegue ir protelando o pagamento das multas bilionárias. E consegue ir evitando que seus diretores sejam presos. Salles, o ministro do meio ambiente, reforçou que vai continuar desmontando o Ibama e batalhar para afrouxar o licenciamento ambiental. O discurso é que ele quer otimizar os recursos e colocar a fiscalização onde realmente importa. O ministro entende que existem ambientes mais importantes e ambientes menos importantes. Ele evitou listar os importantes e, diante da tragédia repetida, não disse se a mineração era importante. A assembleia mineira deu um exemplo de que, ao colocar o “econômico” à frente do ambiental, serve mais aos interesses das Vales do que aos da população que representa: em dezembro, rejeitaram um projeto de lei que endureceria a fiscalização de barragens em Minas. O processo de licenciamento ambiental da barragem que rompeu foi simplificado no final do ano passado. A Vale pretendia reciclar o material “inerte” que estava na barragem e pediu para classificar o projeto numa categoria de licenciamento mais simples e mais rápido. A agência ambiental, obedientemente, concordou.

O Intercept fez uma matéria importante sobre o acidente e suas repercussões.

 

Editorial da Science convida Bolsonaro a trabalhar junto com cientistas em prol da Amazônia

Uma das mais conceituadas publicações de ciência do mundo, a Science, dedicou o editorial da edição da última sexta a uma precisa análise das ameaças que o atual cenário político federal apresenta para a Amazônia.  Assinado por Paulo Artaxo, o texto lista as inúmeras iniciativas tomadas em menos de um mês pela gestão Bolsonaro e faz um convite para que o governo trabalhe junto com os cientistas brasileiros, que estão prontos para aconselhar sobre formas de preservar a floresta amazônica e a região do Cerrado, aumentando a produção de alimentos e o crescimento da economia: “Vamos trabalhar juntos para elaborar estratégias para o desenvolvimento da Amazônia que também protejam sua rica biodiversidade e povos indígenas.” O Estadão repercutiu o editorial, entrevistando seu autor.

 

MP quer tirar  Salles do ministério

Promotores do Ministério Público paulista pediram à Justiça a imediata perda da função pública do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. A apelação, protocolada no Tribunal de Justiça de São Paulo no último dia 24, destaca que os condenados, “mesmo conhecedores dos trâmites regulares de elaboração de um plano de manejo, subverteram todo o procedimento administrativo para acolher pedidos empresariais que já haviam sido rechaçados no momento oportuno”. Em tempos de Brumadinho, é interessante notar que o motivo que levou à condenação de Salles, em dezembro do ano passado, foi a alteração de mapas da várzea do Rio Tietê que beneficiou uma empresa mineradora.

 

As mentiras e meia-verdades do universitário da bancada ruralista

O pessoal do Observatório do Clima passou a lupa sobre uma palestra do agrônomo Evaristo Eduardo de Miranda, chefe da Embrapa Territorial, que contém a essência dos argumentos e dos números mágicos usados pelo presidente Bolsonaro e seu ministro do meio ambiente para dizer que o Brasil é um campeão em preservação ambiental. Usando dados de diversas fontes, principalmente do MapBiomas, eles provaram que a maioria dos dados são equivocados ou falaciosos – a começar pela alegação de que somos campeões mundiais em preservação.  

 

Embaixador alemão trava conversa dura com Mourão

Não é usual reuniões entre embaixadores e vice-presidentes, especialmente aproveitando um dia em que o presidente está viajando. No entanto foi o que aconteceu na semana passada quando o embaixador alemão, Georg Witschel, se reuniu com o presidente-em-exercício, General Hamilton Mourão. E menos usual ainda foi a conversa do embaixador com jornalistas na saída da reunião, quando falou, preocupado, sobre a imagem do país no exterior: “Na Europa e em quase em todo o mundo, a reputação do Brasil é bastante complicada, até mesmo ruim. Parte da sociedade alemã e parte da imprensa internacional reportam de uma maneira que produz uma imagem bem negativa do Brasil. Não digo que os culpados são a imprensa, mas, durante a campanha eleitoral brasileira, foram feitas observações que foram extremamente problemáticas.” Diplomaticamente, o embaixador colocou na mesa suas preocupações: “Tenho a expectativa de que o novo governo tenha um interesse próprio de continuar as parcerias com a Alemanha, como a nossa cooperação em prol dos direitos humanos, do meio ambiente, da luta contra a mudança do clima e dos refugiados, por exemplo.” O embaixador afirmou que o governo alemão julga em função de atos e não de frases de campanha e tuítes. Nesse caso, parece que o primeiro mês de governo está dando demonstrações amplas de que está remando no sentido contrário.

 

Adolescente sueca encosta a CEO-fest na parede

Greta Thünberg ficou mundialmente conhecida ao entrar em greve escolar e ficar sentada na entrada do Parlamento sueco em protesto contra a inação do governo sueco em relação à mudança do clima. A quem lhe perguntasse se não seria melhor continuar seus estudos e trabalhar com a agenda climática, ela respondia dizendo que simplesmente ela não vê futuro. Greta fez um discurso forte em dezembro na Conferência do Clima chamando à responsabilidade os representantes dos quase 200 países e todo o corpo climático da ONU. Ela acaba de voltar de Davos onde falou aos altos executivos presentes à CEO-fest que eles eram responsáveis por ela e toda sua geração não ter futuro. E, dizendo  “quero criar pânico em vocês”, prometeu que se eles não agirem logo e de forma decisiva, os jovens tomariam à frente. O movimento de greve escolar que ela iniciou conta, hoje, com 60.000 estudantes em todo o mundo.
Os executivos do mundo do petróleo estavam em Davos e se reuniram para discutir como evitar a falta de futuro da indústria à medida em que os países tentam trocar os fósseis por fontes limpas de energia e os investidores, como o fundo de pensões do governo norueguês, decidem desinvestir de empresas e projetos que promovam os fósseis. Mohammed Barkindo, secretário-geral da OPEP, disse que “não há dúvida de que nossa indústria está literalmente sitiada e o futuro do petróleo está em jogo.” Do que transpirou da reunião, o caminho parece ser mais campanhas de mídia e aumento dos dividendos para segurar os acionistas. De repente, a gigante é a Greta e não as poderosas petroleiras.

 

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