Fazendeiros e grileiros do entorno da BR-163, no sudoeste do Pará, cumpriram a promessa de fazer um “dia de fogo” no último sábado (10/8).
Fabiano Maisonnave relata na Folha o registro feito pelo INPE de uma explosão de focos de incêndio na região na último fim de semana. No sábado, em Novo Progresso, houve um aumento de 300% nos focos de incêndio em comparação com o dia anterior. Com 124 registros, foi o recorde do ano. Recorde que durou pouco: no domingo (11/8), o número de incêndios pulou para 203 casos. Na parte do município de Altamira, sob influência da BR-163, o salto no sábado foi ainda maior, 743%, com 194 casos. No domingo, foram 237 ocorrências.
O “dia do fogo” havia sido revelado no último dia 5 por um jornal de Novo Progresso. Segundo a publicação, os produtores se sentem “amparados pelas palavras do presidente” e coordenaram a queima de pasto e áreas em processo de desmate para uma mesma data. O objetivo, segundo um dos líderes ouvidos sob anonimato, foi mostrar para o presidente que querem trabalhar.
Nos últimos anos o Ibama mantinha uma base de fiscalização em Novo Progresso durante o período seco. Neste ano, porém, a operação foi cancelada devido à falta de apoio tanto da PM do Pará, que há dois meses deixou de apoiar o órgão ambiental federal, quanto da Força Nacional, ligada ao Ministério da Justiça
Um dos maiores alvos dos grileiros é a Floresta Nacional do Jamanxim, a Unidade de Conservação federal mais devastada do país nos últimos 12 meses. A perda de cobertura vegetal da Flona nesse período chegou a 135 km², quase uma vez e meia a área de Vitória (ES). Outra Unidade de Conservação com diversos focos de incêndio e sob pressão dos grileiros é a Reserva Biológica Nascentes da Serra do Cachimbo. Ali, apesar da legislação não permitir sequer a presença humana, há diversas invasões, principalmente para criação de gado.
ClimaInfo, 15 de agosto de 2019.
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