Defesa da destruição da Mata Atlântica há 70 anos usava os mesmos argumentos do atual governo

16 de setembro de 2019

“O espantalho do complô estrangeiro, brandido pelo presidente [Bolsonaro] e seus áulicos, e a súbita preocupação do atual ministro do Meio Ambiente com a pobreza dos amazônidas, são parte de um script antigo. Nós já sabemos como o filme termina. A Mata Atlântica foi reduzida a 12% de sua cobertura original.”

Este trecho faz parte da resenha – feita pelo jornalista Claudio Angelo – de um dos livros fundamentais para o entendimento da história do Brasil e da conquista do território: A ferro e fogo: A história e a devastação da Mata Atlântica brasileira (1995), do historiador americano Warren Dean.

Claudio, do Observatório do Clima, foi buscar no fundo no baú a história do fim de um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica, há 70 anos. Ambientalistas queriam na época proteger uma vasta área do Pontal do (rio) Paranapanema, onde o estado de São Paulo faz fronteira com o Paraná e Mato Grosso do Sul. A campanha pela liberação da área à exploração comercial foi capitaneada pelo Correio Paulistano. Diz Claudio: “A campanha do Correio contra a proteção do Pontal incluía dois argumentos além do interesse estrangeiro (pela preservação da região por esta ter “riquíssimas” reservas de petróleo): primeiro, o de que negar aos “posseiros” o acesso àquelas terras significava condenar uma população inteira à miséria (os ambientalistas cruéis não estavam nem aí para as pessoas). Segundo, o de que todos os títulos de terra do Brasil eram ilegais mesmo, então o melhor a fazer era anistiar os invasores do oeste paulista e começar tudo do zero (…)”.

Se o discurso soa familiar, é porque é mesmo. O discurso atual de quem defende a ocupação da Amazônia pela mineração e a especulação com Terras Públicas segue exatamente o mesmo roteiro.

O fim da história: “O Pontal do Paranapanema foi entregue aos grileiros, desmatado até o último toco e depois tornou-se um bolsão de pobreza e violência no campo no estado mais rico do país.”

 

ClimaInfo, 16 de setembro de 2019.

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