A COVID-19 é um teste decisivo para o “capitalismo de stakeholders”

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“As empresas focadas no curto prazo serão as primeiras a sofrer”. Klaus Schwab, empresário e fundador do Fórum Econômico Mundial escreveu no Financial Times que o coronavírus será um teste decisivo para o chamado capitalismo de stakeholders, aquele no qual empresas buscam atender a um conjunto maior de partes interessadas (stakeholders) além de seus donos e acionistas.

Schwab dá exemplos do estado dos dois tipos de empresa diante da crise. A maior corporação de navegação do mundo, a Maersk, colocou à disposição navios para transportar suprimentos de emergência onde quer que sejam necessários, às vezes criando rotas de navegação que não eram comercialmente viáveis. Ela conta com a ajuda do governo dinamarquês que está aportando recursos para garantir empregos e complementar salários durante a crise. Um símbolo interessante veio dos executivos da Kenya Airways, que reduziram seus salários e benefícios em até 80% em solidariedade com seus funcionários.

Do outro lado do espectro, Schwab menciona o anúncio da EasyJet sobre a manutenção do pagamento de dividendos a seus acionistas ao mesmo tempo em que pede socorro ao governo britânico.

As companhias aéreas americanas passaram os últimos 10 anos recomprando suas ações e premiando executivos, mas na crise correram a pedir ajuda a Trump.

E há os exemplos, também nos EUA, de McDonald’s, Subway e Kroger que, nos últimos anos, mandaram embora dezenas de milhares de funcionários doentes.

Aqui no Brasil, os discursos pela priorização da economia feitos por Bolsonaro, seu ministro da economia e alguns empresários do campo bolsonarista assumem a talvez mais truculenta forma de capitalismo, a do “eu primeiro e acima de todos”.

 

ClimaInfo, 26 de março de 2020.

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