A paralisação da economia global decorrente das restrições de circulação impostas para a redução da velocidade de contaminação pelo novo coronavírus atinge em cheio aqueles que, ironicamente, estão à margem dessa mesma economia – os trabalhadores informais e os mais pobres.
Eternamente negligenciadas pelo Estado, essas pessoas estão sendo confrontadas agora com um dilema existencial: deixar de ir às ruas para não se contaminar, ao custo de perder seu ganha-pão, ou se aventurar pelas cidades do mundo para obter sua subsistência, mas se arriscando a contrair a COVID-19.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a pandemia já cortou horas trabalhadas que equivaleriam a 195 milhões de trabalhadores em tempo integral, reporta Jamil Chade no UOL.
O Brasil seria um dos países mais afetados, com grande número de trabalhadores na informalidade tolhidos por restrições de movimentação que já afetam sua sobrevivência. No total, a OIT estima que as quarentenas – totais ou parciais – estão atingindo 2,7 bilhões de trabalhadores, o que representa 81% de toda mão de obra do planeta.
A situação é ainda mais problemática em outros países com população mais numerosa, como é o caso da Índia. A OIT informa que até 400 milhões de indianos podem cair na pobreza por causa dos efeitos econômicos da pandemia. Há dez dias, o país decretou uma quarentena nacional, restringindo fortemente a movimentação de pessoas e ordenando que estas fiquem em suas casas.
A solução para esse dilema, segundo a OIT, passa diretamente pelo Estado assumir finalmente sua responsabilidade quanto a proteger seus cidadãos mais vulneráveis, com ações de transferência de renda que viabilizem a subsistência dessas pessoas enquanto a economia global seguir paralisada.
ClimaInfo, 9 de abril de 2020.
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