Antiambientalismo de Bolsonaro atrapalha o comércio do Brasil com exterior

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O Parlamento Holandês aprovou ontem uma moção contra a ratificação do acordo comercial do Mercosul com a União Europeia (UE). Para a maioria dos deputados holandeses, o acordo provocaria maior desmatamento na Amazônia e no Cerrado, além de criar uma concorrência desleal para os agricultores europeus, que teriam de observar normas mais rígidas do que os seus colegas sul-americanos. Segundo comentário feito por Marcelo Godoy no Estadão, “em um país tradicionalmente liberal e voltado para o livre-comércio, o voto dos parlamentares holandeses foi uma virada.”

No mês passado, o Parlamento Europeu publicou uma análise sobre os riscos ambientais, econômicos e comerciais da ratificação do acordo. O documento se foca no Brasil, onde a antipolítica ambiental de Bolsonaro e Salles é o principal obstáculo para que o acordo saia do papel.

Como O Globo disse em seu editorial de ontem, a política ambiental do governo Bolsonaro permeia a análise e levanta as principais dúvidas que impedem a ratificação do acordo comercial (que demorou mais de 20 anos para ser negociado). Mais do que isso, o “radicalismo antiambientalista exibido pelo governo Bolsonaro já é pretexto de cartéis europeus de alimentos para um programa protecionista, de substituição de importações de proteínas hoje adquiridas no Brasil e na Argentina”.

Em suma, além de comprometer o acesso a mercados que ainda são fechados para o comércio exterior brasileiro, a irresponsabilidade do governo Bolsonaro para com o meio ambiente está servindo de justificativa para que a União Europeia discuta o estabelecimento de restrições de acesso em mercados para os quais já vendemos.

Óbvio que essa situação não foge à atenção dos setores exportadores brasileiros, cada vez mais temerosos sobre as consequências dos devaneios ambientais de Jair Bolsonaro e Ricardo Salles sobre o comércio exterior do país. Como bem lembra O Globo, os grandes exportadores não aceitaram participar do anúncio pró-Salles publicado na semana passada.

Em tempo: Matéria do Nexo Jornal faz um panorama do “sinceridício” de Ricardo Salles na reunião ministerial de 22 de abril e da reação de ambientalistas e empresários à fala da “boiada”. A matéria reconstitui a campanha #NomeAosBois, promovida por organizações da sociedade civil para questionar a participação de grandes empresas no anúncio pró-Salles.

 

ClimaInfo, 4 de junho de 2020.

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