Mourão retoma lorota de Salles para criticar Fundo Amazônia

16 de agosto de 2021

Ricardo Salles deixou o governo Bolsonaro, mas a turma de Brasília segue utilizando o playbook (ou será fakebook?) do ex-ministro, que inclui ações de desinformação. Cristiane Prizibisczki repercutiu n’O Eco afirmações feitas pelo vice-presidente Hamilton Mourão durante evento virtual nesta 5ª feira (12/8), quando repetiu acusações sem fundamentos contra o Fundo Amazônia feitas no passado por Salles.

Em sua fala, Mourão reciclou uma acusação frequente de Salles contra o uso de recursos do Fundo pelos projetos financiados, que privilegiaria gastos com pessoal em detrimento de suas atividades-fim. A afirmação é enganosa, já que sugere um desvio de finalidade na aplicação dos recursos, o que não se sustenta. Outra lorota repetida pelo vice-presidente foi a de que o governo teria “refeito” a governança do Fundo: na verdade, Bolsonaro e Salles extinguiram o Comitê Orientador do Fundo Amazônia (COFA) em 2019 e, até hoje, o colegiado não foi reconstituído. Este é um obstáculo importante para a retomada das atividades do Fundo, congelado em 2019 pelos países doadores – Alemanha e Noruega – por divergências com a turminha de Brasília.

Falando em fake, o Fakebook.eco fez um levantamento sobre o ritmo de desmatamento nos 26 municípios da Amazônia que estão no foco das ações militares das Forças Armadas desde julho, quando a Operação Samauma teve início. Diferentemente do resto da floresta, que registrou uma queda de mais de 15% no desmatamento no mês passado na comparação com o mesmo mês em 2020, estes municípios tiveram uma taxa de desmate praticamente idêntica à registrada no ano passado. Em média, a queda no desmatamento nestas áreas foi de apenas 2,6%, quase sete vezes menor que a queda registrada nos municípios fora do escopo prioritário de ação dos militares.

Em tempo: Na revista Piauí, Giovana Girardi faz revelações instigantes sobre o perfil O Fiscal do Ibama, sensação no Twitter. Com cerca de 104 mil seguidores, o “Fiscal” tem sido um dos críticos mais ácidos do desgoverno ambiental de Bolsonaro, sendo responsável por diversos “furos” e informações quentes vazadas do ministério do meio ambiente sobre o desmantelamento da política ambiental e o enfraquecimento dos órgãos de fiscalização ambiental, como o próprio IBAMA. O “Fiscal” também foi um dos principais críticos de Salles durante a gestão dele no ministério. O ex-ministro, aliás, tentou até o fim descobrir quem seria a pessoa (ou pessoas) por trás do perfil, sem sucesso.

 

ClimaInfo, 16 de agosto de 2021.

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