Brasil quis frear recomendações para redução do consumo de carne em novo relatório do IPCC

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A poucos dias da COP26, documentos vazados mostram que Brasil, Argentina, Austrália e outros países produtores de combustíveis fósseis e criadores de gado fizeram lobby para que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) retirasse do seu último relatório, o AR6, as recomendações sobre diminuição do uso de combustíveis fósseis e as passagens descrevendo a carne bovina como um alimento de “alto carbono”, e que também alterassem trechos que incentivam dietas vegetarianas. A informação foi divulgada a partir de documentos obtidos pela BBC. UOL, DW, g1 e Guardian também deram a notícia.

O que este vazamento mostra é a forte pressão à qual os cientistas estão sujeitos – e quais interesses econômicos estão por trás dessa pressão. Como explicou o Greenpeace, segundo a matéria da Veja, “os autores do IPCC podem rejeitar e rejeitam as alterações sugeridas em seus rascunhos se os comentários não forem apoiados pela literatura científica. No entanto, o vazamento desses comentários oferece uma visão única das posições que estão sendo adotadas por algumas nações longe dos olhos do público”.

Enquanto isso, nos EUA, os pecuaristas começam a usar uma “contabilidade criativa” nas emissões da pecuária, criada por acadêmicos pró-carne de Oxford, para reivindicar um impacto climático amplamente reduzido da produção. A notícia é da Bloomberg.

 

ClimaInfo, 22 de outubro de 2021.

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