Em meio à intensificação do garimpo ilegal no Brasil, o Palácio do Planalto autorizou ao menos sete projetos de pesquisa e exploração de ouro em áreas preservadas na Amazônia em 2021. De acordo com Vinicius Sassine na Folha, as autorizações foram concedidas pelo chefe do Conselho de Defesa Nacional da Presidência da República, o general Augusto Heleno, na condição de ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Heleno é tido como o mais bolsonarista dos ministros de origem militar do atual governo.
As áreas se concentram na região de São Gabriel da Cachoeira, no extremo noroeste do Amazonas, próximo à fronteira do Brasil com Colômbia e Venezuela. A região, batizada de “Cabeça de Cachorro” por conta de seu formato no mapa, é uma das mais preservadas da Amazônia, lar de 23 etnias indígenas. Ao todo, os sete projetos englobam 12,7 mil hectares, sendo que seis deles ocorrem em “terrenos da União”.
Outra reportagem da Folha destacou que Heleno deu anuência para que empresários com áreas embargadas pelo IBAMA realizassem projetos de pesquisa e exploração de ouro. Na ficha corrida dessas empresas estão atividades sem licença ambiental, destruição de floresta em área de preservação e derrubada de espécie de árvore protegida sem autorização. Um dos beneficiados pelo governo federal foi o advogado Irajá Rezende de Lacerda, atual chefe de gabinete do senador Carlos Fávaro (MT).
“A cabeça do general Heleno manteve-se praticamente imutável da década de 1960 até nossos dias”, escreveu Chico Alves no UOL. “Cinco décadas depois, justamente quando a carência do mundo por recursos naturais faz da floresta preservada um ativo capaz de gerar riqueza e desenvolvimento, militares que pensam como Heleno acham vantajoso afrouxar a fiscalização a desmatadores e permitir a ampliação da atividade dos garimpeiros”.
ClimaInfo, 7 de dezembro de 2021.
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