O “mérito indigenista” de Jair Bolsonaro

Bolsonaro indigenista
Bolsonaro Indigenista

Jair Bolsonaro tem uma “loooooonga” ficha corrida de insultos e despautérios contra os Povos Indígenas brasileiros. No comando do governo federal, ele tem sido consistente no desmonte da legislação e da estrutura administrativa de proteção aos direitos indígenas, bem como no apoio a atores políticos, econômicos e sociais interessados na exploração econômica dos recursos naturais de suas terras demarcadas. Para o ministro Anderson Torres, no entanto, este histórico de desserviço à causa indígena é digno de premiação.

Nesta 4ª feira (16/3) a pasta da justiça anunciou a concessão da Medalha do Mérito Indigenista a Bolsonaro como “reconhecimento pelos serviços relevantes em caráter altruísticos, relacionados com o bem-estar, a proteção e a defesa das comunidades indígenas” (!?). Além de Bolsonaro, outros membros do atual governo também foram agraciadas, como os ministros Tereza Cristina (agricultura), Walter Braga Netto (defesa), Tarcísio de Freitas (infraestrutura), João Roma (cidadania), Marcelo Queiroga (saúde) e Augusto Heleno (gabinete de segurança institucional da Presidência), bem como o advogado-geral da União, Bruno Bianco, e o secretário-geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos. Só faltou o Salles.

Anna Satie no UOL e Octavio Guedes no g1 relembraram diversas passagens na biografia de Bolsonaro que contrariam seu pretenso “mérito indigenista”. Por exemplo, em 1998, o então deputado federal lamentou que o Exército tenha sido “incompetente” por não ter “dizimado” os índios no passado. “Competente, sim, foi a Cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema em seu país”, disse Bolsonaro. Em 2014, em um ato no Mato Grosso do Sul, Bolsonaro disparou que “índio não fala nossa língua, não tem dinheiro, é um pobre coitado, tem que ser integrado à sociedade, não criado em zoológicos milionários”. Já na Presidência, Bolsonaro repetidas vezes esbravejou contra a demarcação de Terras Indígenas e menosprezou os Povos Indígenas, tratados como “quase” cidadãos e brasileiros.

No Twitter, a coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Sonia Guajajara, criticou a decisão do ministro da justiça e afirmou que a entidade entrará com ação judicial para anular a concessão da Medalha do Mérito Indigenista a Bolsonaro & Cia. “Sabemos o quanto os Povos Indígenas estão totalmente desprotegidos e sob constantes ataques em seus territórios, e nada está sendo feito por esse desgoverno. Indigenista e indígenas somos nós, por nós”, afirmou.

O absurdo teve ampla repercussão na imprensa, com destaques em veículos como Carta Capital, Correio Braziliense, Folha, g1, Metrópoles, O Globo, Valor e Veja.

 

ClimaInfo, 17 de março de 2022.

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